O SILÊNCIO DOS ABRICÓS

Por conta dos estudos que venho tentando realizar sobre as expectativas econômica, socioaambiental ,  e populacional na região do Litoral Norte Paulista (a que chamo de zona verde do outro negro), já na fase inicial das consultas percebi um fator preponderante para o equilíbrio das discussões públicas acerca das intervenções sempre propostas pelos governantes, que é a militância ativa de ambientalistas na região. É sempre muito oportuno vê-los e tê-los às mesas de discussões, embora sejam -em sua maioria- detestados pelos investidores. Já tive a oportunidade de debater e me reunir com muitos eco-responsáveis Brasil à dentro (tenho inclusive grandes amigos, grandes consciências). O fato é que, após ter sido vencida a pressa pela discussão do projeto de ampliação do porto sebastianense, os ambientalistas (chamados por algumas autoridades de ecochatos; o que discordo, pela generalização) se recolheram em aparente silêncio. Isso é péssimo, pois há outras demandas igualmente importantes que precisam contar com esse ativismo. Só para citar 3 exemplos mais recentes: 

1) O governo diz ter feito um acordo com a Petrobrás que, entre outras coisas consiste em:
a) desmobilizar as famílias das áreas de risco (parece que as do bairro Itatinga, nesse caso), mas sem apresentar qualquer programa de recuperação das áreas degradadas, nem tampouco de habitação, enfim; sem sequer chamar a Associação de Moradores local para lhes participar do teor das negociações;
b) resolver em definitivo a questão social dos moradores de parte do mesmo bairro citado, que estaria com problemas ambientais, nesse caso com a água de consumo_ possivelmente contaminada, não sem deixar de apresentar a forma como isso se dará;

2) O município está às portas de renovar a concessão vencida da empresa Sabesp, (que fatalmente onerou a municipalidade com um passivo decorrido da timidez dos investimentos que deveriam ter sido feitos_ e não foram. Cabe um TAC corretivo, certamente.), sem que tenha havido qualquer debate público sobre a questão, sem que tenha havido qualquer deliberação social sobre o novo programa de investimentos proposto pelo Estado, e finalmente sem que ambos, concedente e concessionário tenham apresentado à sociedade o 'Plano Municipal de Saneamento Básico', no mínimo_ e posto em franca e transparente discussão. É óbvio que essa matéria deverá obrigatoriamente passar pelo crivo dos vereadores, mas isso não poderia ocorrer sem que antes a sociedade tivesse a liberdade de entender melhor o processo;

3) Finalmente, para completar só este pequeno quadro com 3 exemplos, pois cabem muitos outros, o município infringe a legislação pertinente quando ousa discorrer (ao menos dá publicidade empobrecida disso) sobre investimentos estruturais, sem antes cuidar de organizar a legislação urbana. Não há um 'Plano Diretor Municipal' em vigência, e isso é criminoso. Como falar de investimentos e de planejamento, sem que o dever de casa tenha sido feito previamente.

Então, por essas e por outras é que reclamo a urgente participação dos ambientalistas nessas discussões, pois a cidade não pode ficar entrega a ações extemporâneas ou à caprichos de momento. Sugiro o rompimento imediato com o silêncio dos abricós.
Obs) Quando adolescente, comi muito abricó entre a chamada Praia do Deodato até a Prainha Preta, mas essa parte da história só conhece quem brincou pela costeira citada e jamais precisou de GPS para circular pelas saudosas áreas praianas de diversão dos sebastianenses sem dinheiro, que catavam 'bibigão' e 'arrastava picaré' por ali também. Saudades!

Ambientalista amigo, Fala tú!
15h37min.           -                 adelsonpimenta@ig.com.br

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