SÃO SEBASTIÃO, UMA CIDADE EM COMPASSO DE ESPERA

Levei alguns dias pensando a cidade sebastianense em seu momento social, sua concepção política, sua engenharia de desenvolvimento, seus grupos partidários, seu povo. Não é possível nenhuma análise conclusiva, mas há avaliações que nos instigam. Espero não ser incompreendido no que vou descrever.

Ora, não obstante o fato de a atual conjuntura ter elementos relativamente novos, tais como: um pleito eleitoral municipal que enfim trouxe a consagração de uma terceira via forte, quebrando a polarização das disputas mais recentes. Em outras eleições houve mais de dois candidatos em alguns casos, mas nenhum deles se projetou nas urnas como o caso mais recente com o tucano FELIPE AUGUSTO; um Legislativo que se aumentou em sua quantidade de vereadores, sendo doze - e que agora discute a abertura de um canal próprio para transmissão em tv aberta e digital para todo município. Com isso, cresce a expectativa de uma grade de programação mais interativa que, entre outras coisas, permita a transmissão ao vivo não só das sessões ordinárias e extraordinárias, mas também a transmissão dos certames licitatórios, das sessões das Comissões da Casa, permanentes ou temporárias, enfim; um poder Executivo que tem seu primeiro governante reeleito, ERNANE PRIMAZZI, desde que se instituiu o instituto da reeleição no Brasil por meio da Emenda à Constituição - EC 15/97; um Juiz Eleitoral, GUILHERME KIRSCHNER, que efetivamente acatou denúncias do principal opositor, JUAN GARCIA, e determinou a cassação em primeira instância do diploma dos eleitos, concedendo, por sua vez, o devido Efeito Suspensivo, assegurando, com isso, a segurança jurídica, mas não estancando a inevitável instabilidade política; uma sociedade que se porta mais atenta aos desdobramentos das ações políticas, partidárias, governamentais ou judicializadas, que lê mais, que ouve mais, que assiste mais, que participa mais, que interage pelas redes sociais. Isso é remédio da democracia.

Noutra ponta dessa conjuntura está o acréscimo discutido dos principais pólos de desenvolvimento econômico da cidade, implantados em períodos mais ditatoriais, digamos assim. São Sebastião foi concebido em seu progresso sob a óptica militar, sendo declarada inclusive como área, de segurança nacional. A despeito da dependência, de certo modo, desses parques industriais pela municipalidade, lá se vão algumas décadas - desde então - em que os governantes locais discursam pelas bandeiras de atividades alternativas puxadas pela indústria do turismo, mas fazem gestão tímida em relação a isso, se permitindo à dependência das moedas desse mercado herdado, que caem há anos no porquinho da Prefeitura. Não obstante, a Petrobras/Transpetro discutem a expansão de seu Terminal Aquaviário; o Governo do Estado, por meio do Dersa, apresenta investimentos bilionários na construção de uma nova rodovia, e, por meio da Secretaria de Desenvolvimento e Cia. Docas, investimentos milionários na expansão do Porto. 

Pelo que se vê, não, não  conseguimos mudar a nossa relação econômica com os principais centros de produção implantados na cidade, nem tampouco viabilizar uma ascensão desejada com o turismo - em suas muitas possibilidades. São essas empresas gigantescas que ainda geram emprego à beça e rendem dividendos à municipalidade, mas, são eles também que, principalmente, estrangulam nossa capacidade urbanística e comprometem nossa mobilidade urbana, justamente pelos derivados desse progresso acachapante. Famílias e mais famílias vão surgindo e ocupando as encostas, áreas de risco, comprometendo a nossa e as suas próprias qualidade de vida, sufocando nossa oferta em creches e escolas públicas, enfim, o progresso demanda serviços. Com isso, faz-se necessário o redimensionamento da infraestrutura urbana, investimentos importantes na cobertura de saúde pública, entre tantas outras coisas. Dessas empresas, a despeto de empregos e tributos, nenhuma contrapartida à cidade, nenhum parque tecnológico implantado.

Por fim, esse assunto renderá ainda muitas outras postagens, mas, o que começo a mostrar é que vivemos um momento ímpar em nossa relação social e política, mas não tivemos a capacidade ainda de desatar os nós de nosso desenvolvimento. Nossa cidadania está posta à prova, nossa capacidade de dialogar precisa ser exercida e as devidas reflexões não podem deixar de serem colocadas ao debate. Qual o norte que queremos? Como progredir sem o comprometimento de nossa qualidade de existência na cidade? Quais agendas públicas precisam ser tocadas com mais ênfase doravante? Estas e várias outras perguntas se configuram em nosso GPS da cidade. Isso, se é que me fiz compreender, independe dos nomes de governantes ou candidatos, mas de rumos que os pretendentes eletivos terão que estudar, compreender e confabular acerca de medidas de ação e soluções. É mais que uma promessa, é análise de conjuntura e projeções de crescimento ordenado e sustentável.
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10h14min.     -     adelsonpimenta@ig.com.br 

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