TOPOLÂNDIA RECEBE INVESTIMENTOS E É DESVALORIZADA?

FRASE
"Compra a casa da minha mãe e leva a minha de brinde"

Destacada assim, solta, a a expressão acima parece-se como tivesse sido extraída de um conto qualquer, de uma narrativa da dramaturgia talvez. Mas, não. Foi exatamente isso o que ouvi hoje de uma amiga que mora no bairro da Topolândia, em São Sebastião/SP. Ouvi muitas outras, tenho conversado com muita gente, minha mãe e irmãos, minha avó e tios, enfim, todos moram no conhecido "Topo". Estão desacorçoados. Eu sempre digo que o progresso é algo desejável, mas traz consequências.


Olha, o fato de haver uma alça de acesso na nova rodovia que será construída pelo Governo do Estado de São Paulo, chamada por Contorno Sul de Caraguá e São Sebastião, sendo uma malha rodoviária de suporte logístico que se integrará a outro projeto bilionário - que é o de expansão do Porto de São Sebastião, por mais necessário que tenha sido apontado nas justificativas da Secretaria Estadual de Logística e Transportes (oficial), o que não discordo, resolve um problema e promove outro. Detalhe: Será feito com dinheiro público e depois será privatizado, dito pelo Presidente da Cia. Docas de São Sebastião, eng° Casemiro Tércio. Há impactos, não só urbanos, também sociais. Mitiga-se, é verdade, mas até que ponto? Eu tenho conversado com as pessoas e, inquieto, dou eco as dúvidas.

A Associação comunitária, Unibairros já declarou apoio ao empreendimento, mas há um levante de moradores do local contrários ao traçado.; Na verdade, demorou-se a se chegar a um local adequado - e onde menos se impactasse para a construção dessa alça de acesso. Vai descer na linha da escola Josepha de Sant' Anna Neves em diante. A escola e uma creche serão construídos pelo Estado, antes da rodovia, na Rua das Mangueiras, mas isso não deve ser considerado como compensação pelo investimento, penso eu. De toda sorte, a população da Topolândia, Olaria e Itatinga se vê às voltas com problemas dessa ordem. Haverá alça de acesso nos bairros do Jaraguá e São Francisco também.

O fato é que para o bairro Itatinga já foi previsto a construção de cavernas pela Petrobras, depois de anos descobriu-se que havia óleo jorrando da terra contaminando o solo, pessoas tiveram suas casas compradas e a área foi desmobilizada pela mesma empresa, a Petrobras. Esses bairros talvez tenham sido os que mais cresceram demograficamente nas duas últimas décadas, o que provocou forte especulação imobiliária, ocupação irregular do solo urbano, enfim, problemas fundiários de várias nascentes. Os investimentos públicos não conseguem acompanhar a demanda.

Na Topolândia, Senhoras e Senhores, há um disse-me-disse danado nesse momento, pessoas abandonadas à própria sorte, no que se refere a gestão social do empreendimento, gente que quer sair do bairro, vender sua casa, trocar por alguma coisa, e por aí vai. Não é tarefa fácil mensurar a insegurança social que vive hoje o bairro, mas é preciso debater essa questão. Não se trata só da diminuição do número necessário de desapropriações, o que é importante, mas do conjunto da obra. O Governo do Estado criou uma fatura com a população desses bairros, e precisa ser cobrado por isso. A desvalorização territorial e imobiliária do local, ao que parece, já está acontecendo. Vai uma casa aí de brinde?

foto: Google / O Vale
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13h20min.     -     adelsonpimenta@ig.com.br

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