O DESAFIO DA SUCESSÃO


O eco dos discursos e a avaliação do rumo político na volta do recesso parlamentar em São Sebastião povoam o interesse de cada um. Não é à toa que alguns vereadores destacaram o fato de estar havendo cobranças diretas sobre eles por pessoas nas ruas e pelos internautas, afinal, creio eu, descobriu-se enfim que o Poder Legislativo é a Casa onde se concentra a representatividade política direta pelo debate, tirando o foco de que só o Poder Executivo é que deve ser cobrado, fiscalizado. Isso é progresso no controle social, no ativismo político. Aprecio e me estimulo muito com essa elevação na consciência crítica coletiva, que bons ventos a tragam. 

A cidade, não obstante, vive um certo clima de apreensão por conta dos investimentos bilionários do Governo do Estado com a construção de uma nova rodovia com alças de acesso e ampliação do Porto; e do Governo Federal, por meio da Petrobras e sua subsidiária - a Transpetro com o projeto de expansão do Terminal para a construção do Píer Norte; e um ambiente de certa instabilidade política, principalmente por conta da judicialização do resultado eleitoral das urnas em processos que hoje tramitam em fase de recurso no TRE contra o Prefeito reeleito, Ernane Primazzi. 

Além disso, há agendas municipais importantes, como é o caso do TAC firmado entre a Prefeitura e o Ministério Público - MP pela demolição da obra inacabada do Centro de Convenções; e ainda a pavimentação de ruas com financiamento obtido pelo Governo municipal, entre outras coisas. Não se trata de ver só as obviedades do nosso cotidiano, a sociedade começa a exigir mais qualidade na representatividade política proporcional e isso não se demonstra sem trabalho e comprometimento, sem entrega à vida pública. Há um preço à se pagar por esta opção, não é só bônus, é ônus também. As cobranças sobre o Executivo já são conhecidas, o desbravamento agora é no exercício cidadão sobre o Legislativo. O voto popular vai ganhando em qualidade, cada vez mais.

Sucessão:


No que se refere a sucessão, embora muitos achem cedo -e talvez seja a forma acertada de enxergar as coisas, é certo haver um processo que não pára. Nem sempre se instrui por meio dele, mas que sua atividade é constante não há quem negue. Nesta operação, sobressai-se três nomes: Wagner Teixeira, Juan Garcia e Felipe Augusto. O primeiro se dedica aos tramites judiciais onde busca retomar sua condição de elegibilidade e por conta disso submergiu, aquietou-se e joga o jogo longe dos holofotes, conhecedor dos atalhos busca menos exposição possível nesse instante; o segundo busca ejetar o prefeito da cadeira de primeiro mandatátio da cidade para sentar-se nela - por meio da Justiça, talvez com o entendimento de que esta lhe tenha sido a menos arriscada das chances de concorrer com maiores probabilidades de vitória, ficando um hiato grande entre a sua capacidade de reaglutinar forças e manter poder de competitividade eleitoral de maneira que não perca consonância com o que se exige nas ruas em dias modernos, que os especialistas apontam como um tal de "novo", o que não é o seu caso; o terceiro, uma incógnita: perdeu eleitoralmente, mas ganhou politicamente - e quanto menos se mexe mais evidente tende a deixar seu nome, já que ter disputado as duas últimas eleições e ter tido votação expressiva lhe confere boas condições de disputa, e seu lema é saber se conseguirá se manter em silêncio e inócuo na conversa política da cidade - principalmente quando parte importante das setas forem em sua direção como alguém com lastro competitivo, no que virará alvo dos potenciais adversários.

Na eleição do ano que vem, 2014, teremos um termômetro para 2016. Ouve-se e não é possível confirmar ainda, que os vereadores Ernaninho, Reis e Marcos Tenório pleiteiam disputar uma cadeira para deputado estadual ou federal. Reis e Tenório são dois nomes que também alimentam pretensões de alçar vôos maiores, ou seja, disputarem a prefeitura na próxima eleição municipal. Um tem força eleitoral na Costa Sul e outro na Costa Norte. Do governo especificamente não surgiu ainda nenhum nome à quem o prefeito tenha dado corda para aparecer no jogo. Sabe-se que de lá o apoio é para Wagner, mas, como já disse, ele precisa se viabilizar judicialmente - e está nessa luta. Os partidos políticos precisam - e sabem disso, se reciclar para dialogar com as novidades que pedem as ruas.

Por fim, fica claro que há uma intensidade política na cidade, há um frenesi social dos mais interessantes dos últimos anos, há um governo reeleito pela primeira vez, há processos judiciais com decisões de 1° instância que se configuram em tremendo achado para quem propôs, há militância digital e participações espontâneas nas redes sociais que carecem de estudos constantes e monitoramento, há grupos de discussão no Facebook, há mais espaços de mídia impressa e outras - tradicionais e alternativas, há mais controle social por meio do terceiro setor, mas também há controle popular por intermédio de participações diretas e pessoais, e, ainda assim, com essa profusão de informações e interatividade, há um certo vácuo nas discussões por nomes que se apresentem fortes à disputa, interessantes ao eleitor e capacitados ao governo. Nomes como o do Fernando Puga e João Amorim ganharam mais projeção com a última eleição, mas partidariamente precisam de mais apoio e densidade eleitoral local. Todas as fichas estão à mesa - e 2016 é logo ali. 
É a minha leitura desse momento do processo.
É o jogo!
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21h53min.     -     adelsonpimenta@ig.com.br

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