O DUELO DE ERNANINHO X GLEIVISON

É notório que ambos terminam se promovendo um pouco mais com isso. Se essa promoção da imagem, todavia, é algo bom ou ruim politicamente - é algo difícil de se aferir, mas sua consolidação pode lhes render frutos eleitorais interessantes. Eu disse que pode, não que vá. Não necessariamente. Mas, uma coisa é certa, no começo desta legislatura e na retomada dos trabalhos pós-recesso, os vereadores sebastianenses Ernaninho (base governista) e Gleivison (oposição) travam um duelo interessante nos bastidores da Câmara e também nos holofotes do poder. Nada é por um acaso, nem isso. À ambos interessa o jogo, portanto, aos que ensejam arrefecer, cuidado, água de mais mata a planta.



Ernaninho, não obstante o fato de ser o filho do primeiro prefeito reeleito da história da cidade, é também vereador eleito e é gestor do segundo mandato consecutivo pelo seu partido no Legislativo. Gleivison é professor - e como tal domina a técnica da oratória mais professoral, e não se intimida em usá-la para tentar convencer no exercício político do mandato eletivo. É minoria, mas tem se aproveitado bem das oportunidades. A literatura política do Legislativo municipal conhece e tem sido escrita com essa disputa à parte.

Na sessão legislativa de ontem (6), Gleivison chutou da cintura pra cima, acusando o Governo e denunciando o Ministério Público. No primeiro caso, disse que a discussão pela criação de uma Área de Proteção Ambiental - APA na Costa Sul da cidade tem sido instrumento de pressão sobre os parlamentares, acrescentando que: "A APA tem urgência porque tem rico envolvido. Tudo nesse país vai mais rápido quando tem poderosos envolvidos". No segundo, após fazer uma leitura simples dos procedimentos administrativos que sucederam a inauguração do Centro de Convenções, sobre o qual há um TAC assinado pela sua demolição e devolução dos recursos estaduais ao Dade, mirou no MP sua metralhadora e disse: "Tem mais de 100 processos de mansões da Costa Sul, mas, quanto a isso não há urgência". Dessa vez, ele se retirou e não ficou para ouvir o contraponto.

Ernaninho, por sua vez, foi mais comedido nos decibéis da voz, mas intensivista no atendimento à verdade que defende em relação ao Governo. Foi didático ao reportar também trechos dos procedimentos administrativos que sucederam a inauguração da obra inacabada do Centro de Convenções pondo em xeque sua qualidade estrutural, seu projeto arquitetônico, seu gabarito em relação a lei municipal de referência, enfim. Mas, ele não se deu por satisfeito e reclamou da forma como o seu oponente agiu em relação a algumas mulheres que pediam o uso da tribuna para expor seus reclames em relação a uma creche na Costa Sul, dizendo ter havido por parte do vereador Gleivison falta de respeito com seus pares e afronta ao que preconiza o regimento Interno da Casa. Se declarou favorável a garantia da conversa dos vereadores com elas, mas acusou o oportunismo do vereador no caso.

No frigir dos ovos é o seguinte, ambos buscam se cacifar no processo - e é do jogo. Mas, eles não divergem em tudo, há convergências importantes, normalmente quando por conteúdo estão agendas públicas de grande impacto social e urbanístico e interesses coletivos. A discussão se limita ao embate direto de ambos quando o que o outro fala desce quadrado. Eu entendo isso como remédio e não veneno da democracia. Ora, o que seria de um Legislativo sem debates e sem escrutínio? Sem Governo e sem oposição? É importante manter a lupa nesse duelo, pois a cada espremida mais caldo político sai para notinhas e matérias de jornais e discussões em rodas de conversas nas redes sociais e, com isso, a verve crítica vai se moldando e o voto popular, reitero, tende a ganhar mais qualidade, e o exercício Legislativo maior grau de interesse social. 
É o jogo!
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23h45min.     -     adelsonpimenta@ig.com.br

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