ESPECULAÇÕES ECONÔMICAS E INTERESSES PÚBLICOS
Olá, boa tarde.
Especula-se que algumas conversas estejam acontecendo. Conversas boas. No entanto, é preciso que haja atenção redobrada. Soube que a petrolífera Shell já teria adquirido uma grande área no município de Caraguatatuba, próximo da Casa de Detenção Provisória - CPD, com incentivos - acertados da Prefeitura local. Não há nenhuma informação clara acerca do caso, mas, segundo pessoas qualificadas com as quais conversei, o Prefeito da cidade caraguatatubense estaria tendo acesso a informações privilegiadas sobre os megainvestimentos no mercado do petróleo - por conta do pré-sal. Não custa lembrar que a cidade é administrada pelo mesmo partido que governa o Estado, o PSDB. Não estou dizendo que isso tenha algum tipo de influência ou ligação com o caso. Mas também não estou dizendo que não. Esta é uma coisa.
Outra, ainda mais especulativa que esta, seria a de que o empresário que detém as maiores faixas de terra em Caraguatatuba teria feito uma proposta à cúpula da Petrobras, que consiste, grosso modo, em uma troca - com algumas condicionantes, em que seria cedida uma grande área à estatal em Caraguatatuba, para investimentos em novas instalações, enquanto a empresa cederia parte importante, quase metade, de sua área ocupada na região central de São Sebastião para este empresário, que teria interesses imobiliários nessa área. Conversa essa que teria o entusiasmo e a mão ajudadora do governo de Caraguá também. Sabe-se lá se não teria a mão do Estado.
Pois bem, o que isso tem a ver? Bem, falando de maneira simplista, já que o assunto requer mais segurança nas informações e envolve muitos interesses, entre os quais o nacional, entendo que o Prefeito de São Sebastião deve pôr as barbas de molho. Nunca se sabe o que se conversa no escurinho do cinema. Veja, no balanço da Petrobras e na cerimônia de divulgação de seu Plano de Negócios para os próximos anos, foi dito que seu foco seria na ampliação da infraestrutura, o que já estava previsto com a expansão do Tebig em Angra, e do Tebar em São Sebastião, com uma ou outra reformulação de projeto; mas que, fundamentalmente, o desafio estava posto no aumento da capacidade de refino. Este é, a meu ver, o 'x' da questão.
Não falo aqui sobre a legitimidade do governo de Caraguá em se articular e buscar esses investimentos, esse é um direito do Município. Falo da possibilidade de haver certa desindustrialização da cidade de São sebastião, no caso de remoção de parte da estrutura de tancagem da Petrobras/Transpetro. Outra coisa é que, após a reformulação das Regiões Administrativas pelo Governo estadual, os interesses regionais, a partir do Vale do Paraíba e Litoral Norte, de certo modo, vem sendo tratados num mesmo balaio, ou seja, pode-se criar o discurso de que o desenvolvimento econômico buscado pelo Estado é para a região - não importando necessariamente o fato de esta ou aquela cidade ter certa perda com este ou aquele investimento. E mais, resta ver que o governo estadual vem dispensando maior atenção com seus recursos públicos à cidade de Caraguá que as demais da região, nos últimos anos. Pode não ser nada, mas pode ser muita coisa.
Continuo atento aos fatos, entendendo que esse tipo de ação requer investimento de capital político, conhecimento prático e técnico, desenvoltura e relacionamento institucional, entre outras coisas. Há uma guerra fiscal sendo travada pelos estados, sobre a qual a União tenta patrocinar entendimentos por um novo pacto federativo, e a guerra dos portos e a competitividade comercial impulsionada pelo mercado do petróleo são fatores que exigem sim muito mais atenção e conhecimento do que se imagina. Se, porventura, mais tarde souberem de coisas pela grande mídia ou pelos canais especializados, ou forem pegos de surpresa com manobras no jogo do poder - nesse sentido, não digam que não foram avisados. A cessão de um trecho da área da Transpetro ao Estado para a construção de uma nova rodovia termina sendo mais um ingrediente nessa tese que pode parecer uma loucura aparente. Mas, amigos, amigos, negócios à parte, já diria o ditado.
Aos trabalhos, Senhores.
É o jogo!
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