SE OPOR OU SE PÔR?

Artigo do Blog
Série Reflexões

Uma das muitas leituras possíveis de serem feitas sobre a conjuntura social em São Sebastião/SP sobre os últimos anos, tomando por base os resultados do Índice de Desenvolvimento Humano - IDHM e a evolução dos dados do Caged, é de que houve considerável ganho na renda, perceptível manutenção dos postos de trabalho com ganho de renda. O nível de informalidade ainda é grande, mas menor que em anos anteriores, dada a promoção de oportunidades pela Prefeitura da cidade. A quantidade de carros emplacados no município e região é alta, embora eu não disponha dos números oficiais nesse momento, assim como a venda de motocicletas aumentou exponencialmente, segundo me disseram alguns vendedores. A cidade está pujante - e reclamante...

Por óbvio que o conjunto crítico é igualmente importante, poque é inegável haver deficiências em parte dos serviços públicos prestados, mas é preciso ter a compreensão dos fatores que levam a essa conjuntura. O ente federado mais sensível é sempre o município, mas é a Prefeitura a que menos recebe da fatia dos recursos arrecadados no país, não deixando de ser todavia a mais próxima da população e responsável direto por praticamente todas as demandas, ainda que sua gestão seja subsidiada por outros entes federados. O que quero dizer em termos práticos é que, mesmo havendo serviços como o de segurança pública, que é responsabilidade do governo estadual, é na conta do Município que recaem as queixas e dúvidas - e assim por diante. Mas isso não deixa de estar correto também, afinal, o prefeito é eleito para gerir a cidade.

Nessa toada, resta a incerteza sobre qual posicionamento ter 
para politicamente agradar ao grande público, 
sobre como agir para não cair em desgraça 
com sua própria ideologia. 
O desafio que ponho é aos partidos, aos pretensos candidatos:

1° cenário:
Ora, se apoiar as ações do Prefeito, isso pode significar dois caminhos: 
a) o que de que é importante atuar em defesa dos investimentos para que as turbulências sejam vencidas e a sociedade ganhe, uma demonstração de boa vontade e esforço pelo melhor, mesmo sabendo do ônus residual que sempre se tem nessas condições
b) o de que poderá ficar em suspeição social de ter sido cooptado ou de ter optado pelo pragmatismo da coisa eleitoral, já que estar ao lado da máquina é a abertura para sempre ter um espaço a mais nos holofotes midiáticos.

2° Cenário:
Outra possibilidade é a se se opor. O fato de as campanhas eleitorais terem sido disputadas de maneira polarizada na cidade nas últimas décadas, reforçou a certeza de "nós ou eles", quem não é a favor é contra, enfim. O vento do bom senso soprou na última eleição municipal, quando enfim surgiram forças políticas que quebraram a polarização, especialmente a tucana. Mas, eis aqui o x da questão, essa terceira via não se apresentou com discurso oponente, mas alternativo. Essa frente mostrou-se forte, competitiva, mas em segundo colocado ainda ficou quem manteve-se como oposicionista. na balança cabe aos avaliadores mensurar a tradição do segundo colocado e a novidade com o terceiro nome. De toda sorte, é pesquisa e estudos que precisam ser feitos. Ao se opor, o discurso é contrário, é de desconstrução da linha adotada pelos governistas, é de ruptura total com o modelo implantado, neste caso, pelo PSC na cidade, pelo convencimento popular. Falei sobre o ciclo desse partido no poder local, em postagem anterior.

3° Cenário:
Por fim e enfim, nunca se sabe se este é o fim das possibilidades...
O que é ser alternativo, via de acesso ao poder? A cabeça do eleitor é sempre uma caixa de mistérios a ser desvendada pelos analistas. A polarização esgarça, em algum momento, essa relação entre quem vota e quem quer o voto. O fato de o voto ser uninominal, apesar de o mandato pertencer ao partido, termina criando mais identificação pessoal que partidária. Nesse sentido, só para citar um exemplo, Juan Garcia já migrou de partidos algumas vezes, mas é nele que se centraliza o trabalho de sua equipe, ou seja, a busca de um voto personalizado. No caso de Felipe Augusto e Fernando Puga, é inegável que cresceram nominalmente, mas fizeram uma opção clara por associação de seus nomes as bandeiras de suas legendas. No caso do prefeito Ernane, em sua primeira eleição, usou a força do significado cristão de sua legenda e o legado social anunciado pelo partido; já em sua reeleição, fez uma campanha mais centrado na primeira pessoa e sobre os principais feitos de seu governo. 

Leituras:
São opções distintas, táticas escolhidas por cada grupo concorrente, de maneira que novas frentes podem se apresentar e serem conhecidas, resta saber se esta é a via selecionada pelos especialistas eleitorais. O que digo é que, mesmo que outros nomes surjam na próxima eleição, o que é saudável e perfeitamente possível, com qual discurso se apresentará? O desafio é este: quem governa, é manter-se governista, consolidar-se como opção de escolha para o continuísmo. Para os demais, está à mesa as muitas possibilidades e simulações de cenários. 
Qual será o caminho esperado pela população, é o de se opor ou o de se pôr? 
É o jogo!
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