CRISE DE REPRESENTATIVIDADE

Por: Fabricio Anselmo
Originalmente postado no Facebook


Tribunais decidem o que políticos não fazem. Nossa câmara é o Office boy entre prefeitura e judiciário, enquanto que, pra ser ouvida, a população tem que queimar ônibus. A postagem do amigo Adelson Pimenta sobre o problema de energia em Angra/RJ me fez refletir sobre a condição judicializada de nossa cidade e país. 

NOSSO SISTEMA DE REPRESENTAÇÃO PARECE QUE NÃO FUNCIONA MAIS. 

O corporativismo seja de políticos, servidores públicos e judiciário, com interesse apenas na construção de suas carreiras, proteção de privilégios e suas condições de status perderam a visão de suas missões... são o fim em si mesmas. Na medida em que a lei não é aplicada ou avacalhada, surge na população o ímpeto de que tem que RESOLVER SEUS PROBLEMAS POR ELAS MESMAS, e aí amarra alguém no poste, fecha rodovia, coloca fogo em ônibus...

A lei não é mais um valor, ela pode ser postergada ou interpretada, como vemos em nossa cidade e assim, deixa de ser referência para pessoas comuns, passa a ter pouco valor. Estamos num momento de revolução Tocquevilliana (consulte Tocqueville), onde todos passam a ter a noção de que tem direitos iguais, ao contrário de tempos atrás, mas, QUEM VAI MEDIAR OS INTERESSES E A BOA CONVIVÊNCIA DO CONFLITO SEM QUE TENHAMOS UMA LIDERANÇA? 

QUAL A QUALIDADE DOS LÍDERES QUE TEMOS AÍ? 

Estamos pobres de lideranças, de líderes pensadores, DE POSIÇÃO PRÓPRIA e que possam interpretar e projetar a sociedade pra frente. As que temos vivem no dia a dia, não planta na cabeça do cidadão uma cidade melhor, um país melhor vivem somente dessa miríade de projetos pequenos e pessoais. Quando um prefeito atrasa a construção de um hospital para coincidir com eleições, acha que é um projeto de cidade ou pessoal? 

Desde as conturbadas reivindicações de Julho, ALGUM PARTIDO tomou punho da questão, chamando a sociedade para conversar e apurar? 
Há um silêncio total, onde se mantem o que sempre foi: as brigas internas e os candidatos profissionais. 

PARA QUE (OU QUEM) SERVE A CÂMARA E OS PARTIDOS? 

Max Weber dizia que “PARTIDOS EXISTEM PARA QUE APRESENTEM PROPOSTAS, LIDEREM O DEBATE PARA QUE A SOCIEDADE POSSA TOMAR SUAS DECISÕES”, mas parece que o sistema de partidos não é mais capaz de captar as melhores lideranças para governar. Fica óbvio quando vemos a qualidade das decisões da prefeitura e câmara. Quem está falando no ouvido do prefeito?

O presidente da Câmara Municipal São Sebastião, Marcos Tenório, é um bom exemplo do que se pode fazer quando se tem GENTE BOA FALANDO NO OUVIDO. 

Não sou pessimista... Não é que o sistema político vigente não seja capaz de dar boas soluções, ele só não esta sendo capaz, devido a nossa cultura política, mas também porque não temos lideranças capazes de perceber a crise. Nossa política vem tomando decisões distantes da população, vide a questão do IPTU, que incautos tratam como uma simples disputa de Corinthians X Palmeiras... Por definição, POLÍTICA É TOMAR DECISÕES QUE AFETA A COMUNIDADE DE FORMA MAIS CONSENSUAL POSSÍVEL E MEDIAR INTERESSES DIFERENTES. 

Na falta de lideranças mediadoras, resta ao judiciário preencher esse vácuo. Não é a toa que nosso Batman está no STF, porque aplica rigorosamente a lei.
Na câmara, devido à racionalidade estar refém da subserviência, quem quer fazer algo, tem que ir ao judiciário! É NOSSA CRISE DE REPRESENTATIVIDADE QUE ESTÁ LEVANDO A JUDICIALIZAÇÃO DAS QUESTÕES DA CIDADE OU DO PAÍS.

Foto: Blog A música das palavras
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18h29min.    -    adelsonpimenta@ig.com.br

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