PESQUISAS E O FOCO LOCAL PARA 2016

ARTIGO DO BLOG

A matéria do Caderno Especial do jornal Valor Econômico deste fim de semana, sob o título de capa: "A opinião do Leitor - Institutos de pesquisa vão enfrentar um cenário de incertezas que pode mexer com os números da corrida presidencial", (cópia de um blog na íntegra. O conteúdo do jornal só é disponível para assinantes), terminou sendo um fórum de debate importante sobre um tema recorrente. O certo de todos eles é a incerteza de resultados, a dificuldade de ter precisão nas amostragens, já que a opinião do eleitor está mudando constantemente - e por coisas alheias ao leque definido por especialistas.

Pois bem, o caso que quero abordar, tomando por base este contexto, 
é o de São Sebastião/SP. 

O cenário continua sendo de difícil compreensão, e a conjuntura social e política de leituras confusas. O Presidente da Câmara municipal, Marcos Tenório, reconheça-se, conseguiu colocar o Legislativo no centro das discussões sociais da cidade, ora patrocinando o debate com os segmentos organizados, ora levando pautas polêmicas para o centro de discussões dos vereadores. Ele já disse que não tem mais pretensões à releição à vereança.


Pela oposição, percebo a pressa de militantes e simpatizantes em apresentar o nome do vereador Gleivison Gaspar como pré-candidato a prefeito pelo PMDB, mas o presidente da legenda, o ex-prefeito Juan Garcia, publicamente, não dá eco. Sua principal bandeira empunhada é o fato de não ter votado na revisão da Planta Genérica de Valores do IPTU, mas, em momento algum, assumiu que não oficializou qualquer documento questionando os procedimentos pela deliberação legislativa, nem que seu partido local também não assinou a Adin da Fiesp contra essa revisão, ou seja, que, apesar do discurso - inclusive contra a importância do Legislativo considerando-o inferior a um açougue, se limitou ao voto. É pouco, convenhamos, para quem quer se apoderar do conjunto crítico em relação a matéria e, principalmente, para quem se supõe sonhar com a principal cadeira do Paço Municipal.

A pretensão eleitoral do petista Fernando Puga, sujeito político de ativismo mais ascendente pós-eleições, é uma incógnita tamanha. Exceto o caso da nova rodovia, onde entrou de cabeça no "Movimento Topolândia sem Rodovia", que não nasceu dentro de seu partido, diga-se, as demais aparições públicas foram, de algum modo, na rabiola de eventos originados pelos correligionários, simpatizantes ou ex-ocupantes de cargos comissionados, todos ligados, de certo modo, ao PMDB. Em outras palavras, Puga tem subido o tom em relação a agendas que não são propostas por seu partido. Não por um acaso ou por mera coincidência, sei lá, um dos novos diretores do PT local tem sua esposa na assessoria do vereador do PMDB. De um modo ou de outro, sua participação política é confusa e de leitura dúbia, o que ruim para quem quer se firmar como opção ao eleitor, convenhamos.

O inoxidável João Amorim está na labuta pela candidatura à deputado federal, mas o radicalismo de seu partido o impede inclusive de alianças, como ocorreu na última eleição municipal, tenta se manter no páreo.

Pelo lado tucano, o ex-candidato Felipe Augusto fez como avestruz, enfiou a cabeça na terra. Ora, o coro come na cidade com várias discussões importantes e agendas públicas de interesse direto do cidadão sebastianense, e ele simplesmente se permite à distância, ao obsequioso silêncio. Para quem tem suas pretensões eletivas, penso ser pouco. Ele precisa ser claro quanto ao que pensa em relação a tais temas, dar sua opinião, ajudar na articulação institucional, desfazer maus entendidos partidários, dialogar em benefício da sociedade. Na discussão do projeto Contorno Sul, por exemplo, se omitiu vergonhosamente deixando a população da Topolândia na mão. Pode ser uma tática. Deve ser. Respeito, só discordo. Quando o seu partido pôs a cabeça pra fora foi para reclamar do Ministério Público, e isso não dá voto, convenhamos. Pelo jeito, não quer sair de sua zona de conforto, papel que deverá ser exigido por seus adversários.

Pelo lado governista, os vereadores Coringa e Reis disputam a preferência de seus pares na disputa pela presidência da Câmara, o que também considero prematuro ainda. O advogado e suplente de vereador, Onofre Neto, tenta valorizar seu passe e declara claramente sua pretensão de disputar o cargo majoritário do Município. Fará um teste prévio na urnas, ao que parece, nesta eleição para deputado. Outros nomes alimentam pretensões dessa natureza, entre os quais, de mansinho, o vereador Fully; nos bastidores, o secretário de Saúde, Urandy Rocha; no deixa a vida me levar, o vice-prefeito Dr. Aldo; no precisando estou aqui, a secretária de Educação Angela Couto, entre outros postulantes. Todos se assanham e disputam palmo-a-palmo a preferência e indicação do prefeito Ernane Primazzi à sua sucessão, cada um a seu próprio modo.


Pesquisas
Não é hora de fato para definições dessa ordem, mas é inegável que tem uma turma que só pensa naquilo. É cedo, creio eu, para esse tipo de manifestação, porém, é tempo aceitável para que nos cochicholos as pessoas conversem. As pesquisas de opinião não terão a capacidade de detectar nesse momento a intenção do eleitor para 2016, há muita coisa ainda por acontecer. A taxa de aprovação e de rejeição do governo será um fator importante, e isso também oscila bastante até o momento das escolhas dos nomes que disputarão a eleição. Além disso, há coisas muito sensíveis que precisam ser estudadas, como as manifestações ocorridas ultimamente na cidade. Até que ponto tem influenciado a cabeça do eleitor? Por quê? Enfim. 

Para este ano, as Convenções Partidárias acontecerão no mesmo tempo em que a atenção do cidadão estará praticamente na tv com as seleções disputando a Copa da Fifa. O vereador Ernaninho é assumidamente a grande aposta do PSC para a região. Ele está fora de combate por alguns dias, se recupera de um acidente doméstico, mas tem uma agenda das mais concorridas e, caso se eleja, pode cacifar ainda mais o prefeito no jogo sucessório. Outros postulantes ainda não são conhecidos, pois ouve-se sobre nomes, mas até as especulações são abatidas ao tentar levantar voo. Há muita incerteza em campo.

O que de fato quer o eleitor? Qual o grau de desgaste entre o interesse e o desinteresse do cidadão pela política? Qual a sua opinião sobre a representatividade eletiva? Qual a sua crença nas bandeiras partidárias, em seus programas? O que espera o cidadão de seus próximos representantes? São perguntas de complexa obtenção de respostas. Publicidade, pesquisas, relacionamento digital, comunicação institucional e política, diálogo face a face, reuniões comunitárias, discussões de agendas públicas, e uma série de coisas precisam ser feitas por quem está à espreita da disputa de 2016. É um desafio para todos os que jogam o jogo. O eleitor está reciclando seus valores e o voto se torna cada vez mais um enigma à ser conquistado.

É o jogo
Foto: Google/Instituoin
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15 horas    -     adelsonpimenta@ig.com.br 

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