CENTRO DE CONVENÇÕES: O QUE SABEMOS E O QUE NÃO SABEMOS AINDA.

A malfadada construção do chamado Centro de Convenções em São Sebastião/SP será demolida. Há um acordo com a Justiça, ou seja, um Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental - TAC com o Ministério Público - MP com essa finalidade. Há uma discussão social aberta, mas ela não tem sido pedagógica, talvez revanchista e política - e só. São, portanto, dois desperdícios anotados até aqui, sendo o do dinheiro público investido naquela construção, e o de tempo com a pequenez das abordagens feitas até então.  Isso é o que todos já sabemos. 


Até vereador, entenda-se legislador, pasmem, defendendo que não seja cumprida as determinações da Justiça, há. O assunto, conquanto, é muito mais relevante que esse tipo de rompante. Salvo engano, essa obra foi uma definição concebida ainda na gestão do ex-prefeito Paulo Julião, mas que só foi de fato concretizada - e da forma mais equivocada possível, na gestão do ex-prefeito Juan Garcia. Isso é o que todos já sabemos. 

O atual prefeito, Ernane Primazzi está portanto com duas obrigações judiciais à cumprir, sendo: a) derrubar a estrutura em ruínas, e recuperar a área degradada; b) pôr a Prefeitura para cobrar jurídica e administrativamente as devidas responsabilidades sobre o caso, com o pedido de ressarcimento aos cofres públicos.  Isso é o que todos já sabemos. 

Demolir uma obra pública é sempre um remédio amargo, mas construí-la de forma ilegal é um veneno. As causas desse desarranjo dificilmente serão trazidas à luz desses debates porque, no desespero por respostas e substrato para defesa nos autos, há muita confusão e pouca explicação. Invariavelmente, isso cria um terreno fértil para o oportunismo e as bravatas eleitoreiras, o que termina minando as condições para uma abordagem mais qualificada. Não havendo a garantia dessa verdade, restam os autos e o que se extrai dele em decisões e acordos institucionais. Isso é o que todos já sabemos.


Mas, o que não se abordou e não se conheceu até o momento foi o conceito motivador dessa construção. Penso que o resgate das atas das reuniões do Conselho de Turismo e uma detida análise desse material; uma releitura sobre os PPAs dos governos anteriores  e deste, talvez servissem para empregar mais substância ao debate. Os projetos de ampliação do Porto e expansão do Tebar, assim como o da construção de uma nova rodovia, não são elementos necessariamente novos, ao que pergunto: essa construção já contemplava essa realidade que vivemos nos dias atuais e as perspectivas futuras? Isso é o que nem todos ainda sabemos. Talvez ninguém saiba ao certo.


De maneira simplista, considerando que algo em torno de 79% dos meios de hospedagem estão na Costa Sul, ( de Barequeçaba a Boraceia), que as praias mais badaladas também, e que os hotéis e os atrativos turísticos da região central não oferecem necessariamente o apelo para o turismo de negócios, é preciso compreender sob qual propósito essa obra foi proposta para aquele local em que foi erguida. Não acuso não haver razão, mas digo que esta é desconhecida. O que leva o prefeito Ernane a projetar a construção de um novo Centro de Convenções para Boiçucanga? Isso é o que nem todos sabemos ainda. 

Vou ver se consigo uma entrevista com membros do Governo para entender um pouco mais essa nova equação. Os grandes eventos são realizados na Rua da Praia, há a estrutura do Teatro Municipal para eventuais seminários, enfim. Mas e os eventos voltados para o diálogo e turismo de negócios, seria melhor na Costa Sul? Por quê? Vou em busca das respostas, porque quero entender melhor as coisas, e o debate até agora não tem estimulado esse ambiente de instruções, infelizmente.
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15h38min.    -    adelsonpimenta@ig.com.br

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