OLHO NAS COSTAS

Houve uma polêmica nesta última sessão legislativa de São Sebastião/SP, quando os vereadores Gleivison (oposição) e Ernaninho (base governista) discutiam entre si pontos de vista divergentes sobre o fato de a cidade não ter se inscrito com seus atletas para a disputa dos jogos regionais. Em meio a essa discussão oportuna, o peemedebista Gleivison deu uma guinada na prosa e reclamou veementemente do que supôs ter sido um sorriso sarcástico do chefe de gabinete do prefeito, Serginho, dizendo que fazia isso enquanto Ernaninho falava ao microfone e exigiu que o vereador situacionista, que preside em exercício a Câmara até o começo do próximo mês, tomasse uma providência. 

Me pareceu mais a criação de um fato político que uma crise institucional, mas, a resposta de bate-pronto de Ernaninho foi hilária, não há como negar, ao dizer que não tem olho nas costas para monitorar o que fazem os que se sentam nas cadeiras por detrás da sua. No entanto, mesmo sabendo que esta passagem já foi para o anedotário da política sebastianense, há uma leitura que entendo ser possível extrair desse caso, afinal, no Legislativo tudo repercute - de um modo ou de outro.  


OPINIÃO
Respeito é bom e eu gosto, já diz acertadamente um ditado popular. Óbvio que sem respeito não há diálogo nem relação que prospere. Concordo com Gleivison quando exige respeito, isso cabe mesmo em todos os lugares, e no local de trabalho não seria diferente. Esta é uma coisa, outra é saber como ele se encheu de tanta razão e cercou-se de tanta certeza para dizer que o sorriso de uma outra pessoa, neste caso um membro do governo a que ele se opõe politicamente, lhe foi dirigido e de forma sarcástica. É uma acusação, mas não pode ser compreendida como uma afirmação aceitável, afinal, naquele ambiente, o outro não tinha voz para contrarrazoar.

O que o vereador Gleivison fez ao reclamar da postura de Serginho, do que ele sugeriu ter sido por este "não aceitar o contraditório", até o ponto de dizer que a presença do chefe de Gabinete do prefeito no local era para monitorar os vereadores da base, em minha modesta leitura, não passou de uma tática para criar um fato político. E, de certo modo, conseguiu. No entanto, bem observado e retrucado no ato pelo vereador Fully, essa jogada também soou deselegante por parte de Gleivison em relação aos seus pares. Se usou o sorriso de Serginho como ponte para menosprezar o exercício político dos vereadores de situação, teve sua pretensão prontamente desqualificada.

Mas, observe, penso diferente de Gleivison em relação a constante presença de Serginho nas sessões legislativas, não crendo em patrulhamento sobre os parlamentares. Essa observação, além de maledicente e absurda, é desprovida de bom senso. Ora, por que não compreender a presença dos representantes do Governo, neste caso do chefe de gabinete do prefeito, como um ato de respeito do Governo com os trabalhos dos vereadores? 

Não faz muito tempo as sessões ocorriam sem que o Poder Executivo dispensasse maior atenção à Casa, e hoje não só há uma relação institucional aberta, como há canais de diálogo abertos, e a presença de Serginho nas sessões certifica isso, é praticamente a presença do prefeito acompanhando de perto e atentamente o que por ali se passa em nome da sociedade. Isso é um ato oficial de peso, um relacionamento institucional sadio e uma ação pessoal de respeito. Sarcasmo é desconsiderar isso e tentar criar fatos que pormenorizem a importância do papel desenvolvido pelo parlamentar. Isso sim é fazer política com o olho nas costas. Com todo respeito. 
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23h59min.     -      adelsonpimenta@ig.com.br

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