UM CONVITE A REFLEXÃO SOBRE A CIDADE

Há algumas semanas, parado de frente para a galeria de fotos dos ex-prefeitos da cidade de São Sebastião/SP, me pus a refletir sobre a importância dessa homenagem. O município cresceu com um quê de desenvolvimento urbano e econômico, é inegável. Mas, veja, parte dessa equação se deu em períodos autoritários, ditatoriais e militar, ou seja, períodos de pouca ou nenhuma conversa com a população. Há pontos positivos e negativos em relação a tudo o que foi feito, e esse é um debate muito interessante a ser dado a qualquer momento. Cada prefeito contribuiu, a seu modo, para chegarmos ao ponto em que estamos hoje, para o bem ou não.

O fato é que esses ciclos políticos estão vencidos e há mais participação cidadã hoje sobre a vida pública, há mais controle social, há mais atenção no debate político e há mais liberdade de expressão. Ao mesmo tempo, há uma reconhecida crise de identidade dos partidos políticos, que invariavelmente apostam em ações que não condizem com sua bandeiras de criação; há uma tremenda falta de sintonia entre o detentor de mandato e o eleitor; há um esfriamento importante e perigoso sobre a representatividade eletiva; além, é claro, de vários ataques contra a ordem, contra as instituições. Cada trecho desta postagem, no fundo, merece uma abordagem mais substancial, aqui só dou uma breve pincelada para provocar a reflexão.

São Sebastião se consolidou como uma força, Ilhabela ganhou ainda mais autonomia financeira e independência política-administrativa, Caraguatatuba caminha com suas próprias pernas e a passos cada vez mais largos, Ubatuba vai se tornando um pólo de interlocução institucional que não se restringe mais só ao estado de São Paulo. Enfim. Há investimentos de toda sorte, tanto público quanto privados em cada um desses lugares que não provocam mudanças cruciais só no dia-a-adia dessas cidades, mas que terminam influenciando num processo regionalizado.

É isso, da galeria de fotos de ex-prefeitos da cidade na Prefeitura de São Sebastião, me pus a refletir sobre a qualidade do debate político na cidade, sobre a reciclagem dos partidos, sobre a forma como o cidadão tem feito suas leituras e participação sobre os assuntos de interesse público, sobre como o Legislativo alcança as agendas coletivas, e por aí vai. Em um momento de tão imprescindível construção, estamos envolvidos em discussão pela demolição. O que a sociedade espera de seus governantes, deputados, vereadores, lideranças comunitárias, de classe e eclesiásticas? Qual modelo de gestão mais adequado para a cidade, doravante? Que desenvolvimento efetivamente queremos e como alcançá-lo? Qual forma mais correta de participar e contribuir com a cidade? Creio que ao refletir sobre isso eu não esteja sozinho.

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10h18min.      -     adelsonpimenta@ig.com.br