'OIL & GÁS': PETRO BANCA SEMINÁRIO, E PREFEITOS APRESENTAM A FATURA


Um Seminário realizado nesta sexta-feira (29) em Caraguatatuba/SP, que mais pareceu ter sido feito para inglês ver, realizado a soldo da Petrobras, serviu para que prefeitos das cidades do litoral norte paulista e alguns vereadores pudessem expor as feridas dessa relação institucional entre as prefeituras e a estatal que bancou o evento. Certamente não era esse o objetivo, mas ficou evidente que faltou combinar antes.

Sob a agenda de 'Oil & Gás', funcionários de terceiro escalão fizeram o papel de vender o marketing da empresa. Falou-se em U$$ 220 bi em investimentos em projetos pelos próximos cinco anos. Os números são extraordinários; o informe merece destaque; mas, com todo respeito, tudo precisa ser devidamente avaliado. 

No fundo, penso eu, ao propor um evento dessa natureza, as empresas que trabalham no ramo deviam ter representantes à mesa. Ora, a Petrobras não é a única, embora seja a maior, operadora desse sistema. Além disso, esse mercado tem diversas outras empresas que atendem com operações de offshore na região, por exemplo. Há impactos importantes acontecendo nas cidades do litoral norte paulista, principalmente em São Sebastião, com as atividades ligadas a extração do petróleo do pré-sal, assim como sobre o setor logístico de escoamento do gás.

A resposta dos prefeitos, pelo que li no noticiário, não foi a de aplausos, mas de questionamentos, foi a de aproveitar a presença de alguém da empresa por perto para expor as vísceras dessa relação entre as partes. 


O prefeito de São Sebastião, Ernane Primazzi, falou em beneficiamentos feitos sobre o petróleo na cidade, que estariam à margem de recolhimentos tributários importantes para os cofres municipais sobre essas operações; o de Ubatuba reclamou, não sem razão, do fato de o aeroporto da cidade não constar no Plano de Negócios da empresa; o de Caraguá, que se supunha não ter do que reclamar, deu eco a necessidade dessa interlocução institucional entre a empresa e os Municípios; o de Ilhabela tocou em pontos sensíveis como a forma de distribuição dos recursos dessa área aos entes federados, provocando reflexões. 

Essa desceu quadrado para a Petrobras. É a minha modesta percepção.

O 'Seminário', portanto, acabou se revelando em algo que mais interessava ao provedor do evento que ao público das cidades que abrigam instalações da Petrobras. Tem seu valor, é claro, mas nem tudo o que reluz é ouro. Se for levado à vera o debate sobre as implicações do poderosíssimo mercado de Óleo e Gás sobre a região, não é só a Petrobras quem tem que ter a palavra, essa é uma relação que precisa ser revista cuidadosamente.
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18h25min.    -     adelsonpimenta@ig.com.br 

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