O CORINGA DO GOVERNO
Nada fugiu à regra do jogo, teve de tudo. A diferença entre os grupos G-8 e G-4 ficou evidente logo na chegada, onde, com exceção do Ercílio que vestiu-se mais informalmente, os demais usaram terno completo com gravata e sapato engraxado. Pelo G-4 (Tenório, Reis, Teimoso e Ernaninho), o traje foi menos social.
Noves fora, o presidente eleito é simplesmente o atual líder de Governo na Casa, o experiente e inoxidável vereador Coringa, que adotou um tom conciliador. Isso, ao que parece, responde a primeira pergunta. O PSDB manteve um assento à Mesa, saindo Reinaldinho e entrando seu líder, Jair Pires, que será primeiro secretário. Talvez isso confira luz ao segundo questionamento.
"Não há perdedores", disse o Coringa. "Para o Prefeito foi cômodo, porque os dois candidatos eram de sua base", sentenciou Reis. A senha foi dada. Entre mortos e feridos, todos se salvaram. Já ouviram essa? Pois é, faz sentido. O desafio é recompor a estrutura da base na Casa, pelo qual a ascendência de Neto no processo, por exemplo, pode ser algo à se pensar. Tem perfil de liderança.
A Mesa Diretora conta ainda com Fuly, vice-presidente; Jair, primeiro-secretário; e Ercílio, segundo-secretário. O mandato é para o biênio 2015/2016. Sob a sua responsabilidade estará a gestão de algo superior a R$ 40 milhões de duodécimo orçamentário, somados os dois anos. E ainda a conclusão de trabalhos já encaminhados como a aprovação do Plano Diretor Municipal, entre outras.
Se cumprir à risca o que disseram, dois vereadores não disputarão mais a reeleição, Marcos Tenório (PSC) e Reis (PSB), devendo mirar na majoritária. A política é dinâmica. Neto também já disse que tem pretensão semelhante, e Fuly ensaia movimentos no mesmo sentido. Todos querem se cacifar. Outra questão que pode eventualmente ser trazida à discussão em 2015 é a possibilidade de se aumentar o número de cadeiras no Legislativo. Essa é uma demanda dos partidos e a Lei Orgânica precisa ser alterada. Coringa parece ser simpático à mudança.
A lupa, todavia, está também em Brasília, já que só depende de uma Decisão do Ministro do STF, Gilmar Mendes, para que o financiamento de empresas na eleição acabe. Se isso ocorrer, restringirá e muito as chances dos grandes arrecadadores, já que terão que buscar com pessoas físicas, e estas estão legalmente sujeitas a regras bem mais restritivas para o desembolso. Outra questão é a possibilidade de se acabar as coligações proporcionais, o que tende a levar às fusões partidárias. Não precisa muito, se só isso ocorrer dentro do conjunto de propostas para a reforma política, já muda todo cenário eleitoral para 2016. Novos arranjos teriam que ser providenciados.
Ainda há o fato de o prefeito Ernane não disputar a reeleição, o que abre uma grande porta na disputa de 2016. Nomes talvez não seja o mais importante no momento, creio eu, mas o conceito. Pesquisas de opinião pública para consumo interno dos partidos e seus marqueteiros já estão acontecendo. A operação lava-jato da PF também tem elementos para deixar de sobreaviso as empresas para o financiamento de campanhas, mesmo que o STF não derrube as regras atuais.
Portanto, tem muita coisa em jogo. Não se trata de saber se quem venceu foi este ou aquele simplesmente. Formular indagações e buscar respostas, como ouvi de muitos no local, sobre o apoio ou não do prefeito para Coringa ou Reis, é algo menor ante as coisas. A máquina pública fecha um ano difícil, mas com boas expectativas para o ano que vem; ao mesmo tempo em que o cenário macroeconômico nacional prevê-se ser de aperto fiscal. O Poder Legislativo local terá tamanha importância nesse momento, que os vereadores podem saírem menores ou maiores deste mandato.
A sociedade está atenta.
É o jogo!
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