SALDÃO DE FIM DE ANO


Choveu muito, acima do esperado - e a região da Costa Sul de São Sebastião/SP sofreu duramente com as consequências das águas. Alagamentos, principalmente, em alguns bairros, mas, com deslizamentos de terra em trechos da rodovia Rio-Santos. Os índices pluviométricos esperados para um maior período, foram atingidos numa pancada só de chuva, com tábua da maré preocupante. A mídia nacional deu ampla cobertura, já que o local está entre os mais badalados do verão, e para Maresias estava prevista uma carreata em comemoração ao título de Gabriel Medina, campeão mundial de surf. A festa foi adiada.

Pelas redes sociais vi fotos que impressionavam; li manifestações desesperadoras de moradores; assisti a reportagens dos grandes meios de comunicação, e acompanho atentamente aos informes oficiais. No meio desse turbilhão de coisas, gente que perdeu móveis e alimentos; meios de hospedagem cancelando reservas e contabilizando prejuízos; empresas de ônibus revendo itinerários, alterando horários, e passageiros tendo de fazer trajetos a pé. Enfim.

Logo, como não podia deixar de ser, apareceu certa tentativa de exploração política sobre tais eventos. Daí para um bate-boca virtual foi um pulo só. No fundo, penso eu, ao puxar esse tipo de coro, perde-se a oportunidade de se dialogar de maneira mais aprofundada sobre o assunto. Há responsabilidade de todos sobre tudo, portanto, não é apontando o dedo sobre este ou aquele que se encontrarão soluções. Mesmo o debate político que terminou ocorrendo, devia ter sido proposto sobre algo mais produtivo.

Quando um cidadão fraciona clandestinamente a terra e vende, comete crime. Quando um cidadão compra um lote irregular ou não e constrói sem licença legal, comete crime. Quando um órgão público de fiscalização ambiental não age sobre tais eventos, pode e deve ser responsabilizado judicialmente. Quando autoridades conhecem o problema e não empreendem esforços práticos para resolver tais contenciosos, negligenciam no uso do poder e cometem crime. Quando o Poder público se omite, seja pelo órgão judicial - via MP, ou peles esferas de governo (Prefeitura, Governo do estado e União) não investem (e isso compreende toda sorte de ação para mitigar, para resolver, para prevenir e para controlar), terminam criando um ambiente propício aos crimes.

Não há que se buscar culpados simplesmente, porque isso é mais produto de retórica que de ação conclusiva. É preciso, creio eu, haver diagnósticos precisos, elaboração de projetos que corrijam os problemas existentes, investimentos que sanem as deficiências e que garantam a segurança (em toda abrangência dessa expressão), para que de fato não hajam mais vítimas, para que a cidade se desenvolva racionalmente, e para que possamos comemorar a vitória de nossos atletas, e não chorar a morte de nossos semelhantes e/ou perdas de nossos negócios.

Política se faz com diálogo, com acordos, com proposituras, com iniciativa e engajamento. O contrário disso é politicalha e oportunismo eleitoreiro, e disso creio que o cidadão já está farto. Não há nada de novo nisso, é a velha e manjada mania de tentar tirar proveito da desgraça alheia. E só. 

Que este seja só o saldão do fim de ano, e não uma amostra do que teremos em 2015.
Desculpem, mas é o que penso.
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15horas    -     adelsonpimenta@ig.com.br 

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