2016: UM JOGO SUCESSÓRIO TOMADO PELAS INCERTEZAS



A política não deixará de ser feita, nem pode. Mas, uma coisa está clara para todos, a próxima eleição municipal de 2016 será diferenciada. As razões são várias: começando pelo fato de que obviamente cada pleito tem sua própria bula e acontecimento. Mas, o que abordo agora é algo mais complexo que isso. Me atenho aos desdobramentos das medidas discutidas e tomadas em Brasília, no que alguns chama por Reforma Política. 

Se confirmado, por exemplo, o fim da verticalização na eleição proporcional, ou seja, para a candidatura à vereança, isso já vai provocar grandes transformações. Os dirigentes e articuladores políticos nas cidades já refazem cálculos e revisam suas estratégias. 

Outro fato preponderante é o voto majoritário na eleição proporcional, ou seja, será eleito quem tiver mais votos na disputa, obedecida a regra de alcance pelo partido do coeficiente eleitoral. Se essa questão passar, mais dor de cabeça para quem não projetou trabalho.

Não bastasse isso, com o que temos visto sobre a Operação lava-Jato, em que até mesmo as doações 'por dentro', ou seja, à luz das regras do jogo, estão sendo contestadas, não será tarefa nada fácil obter recursos privados para arcar com custos de campanha. Não entro no mérito das investigações do MPF e da Justiça em relação ao caso citado, mas sobre os efeitos que isso provocará nas próximas eleições. 

Para a eleição de candidato a prefeito, não tenho dúvida, será muito complicado viabilizar financeiramente. Daí se entenda a importância de uma chapa majoritária ser a base de sustentação para os candidatos à vereança, logo, quanto menos estrutura tiver essa candidatura a prefeito, menos apoio de material terá o candidato a vereador. A lógica é perversa, concordo, mas, convenhamos, numa figura de retórica, duro até o andar é feio.

Dadas essas questões, entre outras que certamente sairão da caixinha de surpresas do Congresso Nacional até o prazo limite deste ano, ou seja, outubro, que perfaz um ano prévio à eleição, nada deve ser dado como definido nas cidades. Quem quiser ser candidato a prefeito, terá que ser claro quanto as suas fontes de arrecadação, sob pena de ficar sem candidatos competitivos em sua chapa para a eleição proporcional.

Nesse sentido, os partidos maiores, com mais força e expressão, de algum modo, levam vantagem. Mas, esqueçam a ideia de que o aumento do repasse do Fundo Partidário, aprovado na LDO, surtirá algum efeito nas cidades médias e menores. Esses recursos nunca subsidiaram as atividades dos partidos políticos nas cidades, não que eu saiba ou me lembre. 

Por efeito, há partidos considerados menores que podem se viabilizar ainda sem as fusões que se avizinham, desde que estes estejam no poder. Não pelo uso da máquina como finalidade criminosa, mas pela gestão pública que consegue - ou deve - chegar aos interesses dos munícipes com investimentos. O trabalho, mesmo sendo uma obrigação do governante, costuma ser reconhecido pelo cidadão na ponta.

Dessa forma, quem quiser de fato ser candidato na próxima eleição, terá que escolher bem o grupo político a que se aliará, e isso não depende só da estrutura de campanha que pode ser alcançada, mas de valores imateriais como: ideologia e bandeiras programáticas.

Assim como o pretendente deverá filiar-se em um partido que tenha uma composição de nominata à vereança competitiva (sob pena de não fazer sequer uma cadeira no Legislativo), e que tenha uma liderança que capitalize votos no topo ou no grupo que apoia. Isso não se constrói da noite para o dia, nem com discursos de última hora. 

Nesse sentido, a disputa eleitoral em São Sebastião e em Ilhabela, especialmente, caminha para uma compreensão de que, antes de se tomar uma decisão, os pretensos candidatos terão que fazer contas. 

Boa sorte aos políticos que vão à disputa, e cuidado com as promessas de quem precisa encher o partido para se tornar mais competitivo, porque nem tudo o que reluz é ouro. E, por fim, esqueçam o caixa 2, isso é crime. Se houver essa negociação, fuja para não correr o risco de ganhar e não levar.

A procissão em direção a Assembleia Legislativa de SP não pára, porque deputados dizem com quem fica o seu partido nas cidades. Impressionante.

É o jogo!
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13h51min.    -     adelsonpimenta@ig.com.br

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