O JOGO DA VELHA DA LAVRA DAS CONVENÇÕES...

Vi de perto boa parte das Convenções partidárias em São Sebastião. De tudo o que vi, restou uma pergunta: A população sabe o que e como aconteceu nesses dias na cidade? Nota-se ser considerável a distância que há entre o eleitor e a sua representatividade política. 

Segundo as pesquisas - todas elas, há uma relação enfadonha, desbastada e com certo grau de desinteresse e pouca paciência do cidadão com os políticos. Entender a cabeça do eleitor é um desafio cada vez mais intrincado aos estudiosos das ciências sociais, aos estrategistas políticos, aos analistas e estatísticos de institutos de pesquisa. Os partidos políticos precisam captar essa realidade da vox populi. 

O período que passamos é talvez o mais grave sobre a conjuntura econômica do país, as contas públicas aos frangalhos, a capacidade de investimento público estrangulada, a de endividamento em seu limite, o peso da Folha se tornou proibitivo. Nessa conta, um país com um impeachment presidencial em discussão. Não faltam elementos para o descontentamento, especialmente com a precarização de serviços públicos em todas as pontas, enquanto a tributação brasileira encarece e problematiza.

Há assessorias aos bocados para tratar da linguagem corporal, para verificar a parte das roupas à serem usadas em cada ocasião, para ensinar a lidar com os nervos à flor da pele, para escrever discursos, enfim, para para tudo o mercado tem profissionais à disposição. Ganhar eleição se tornou uma engenharia cada vez mais profissional, com menos recursos, regras mais restritivas e avolumado poder de fiscalização. Eis aí a eleição municipal.

Ainda sobre as Convenções
Praticamente todos os partidos escolheram o Poder Legislativo para a realização de suas Convenções e por lá ficou subscrito mais um instigante capítulo de nossa história política. Candidatos à vereança, alguns dos quais sequer sabiam ao certo qual seria o rumo de suas legendas, e candidatos a prefeito se abalroando pelos corredores. Justamente na Cassa do diálogo político houve a lavratura de atas que sacramentaram o período eleitoral com mais fissuras, com mais rompimentos, com mais surpresas dos últimos anos. E tentativas de roldão a torto e direito.

Convenhamos, se a organização dos partidos se deu sob tamanha desorganização e complexidade, não há de se esperar boa coisa da disputa eleitoral. Ou não? Aí é que está o x da questão. Penso que se os partidos e seus grupos políticos não compreenderem esse esgarçamento e suas razões entre o eleitor e o político, não lograrão êxito. E mais, dada a quantidade de candidaturas, vai ser difícil alcançar legitimidade incontestável do vencedor. Só um ator pode alterar tudo o que está colocado: O Eleitor - ele sempre surpreende.

Outro fator que me chamou a atenção foi que o TRE não visitou as Convenções para checar documentos, presença e horários, enfim, protocolos legais, expedientes formais do processo. As dependências da Câmara foram tomadas por gente de todos os lados da disputa. Mas, não será de se estranhar se começarem as reclamações judiciais contra o evento deste e daquele grupo político, ou seja, a judicialização. As prévias mostravam 3 grupos concorrentes, mas, das Convenções saíram 4, podendo chegar a 5. 

Isso pode trazer um cenário novo na disputa eleitoral, sendo o de motivação para que o eleitor vá às urnas mesmo num instante em que se afasta da questão política, justamente porque quanto mais candidatos, mais grupos pedindo votos nas ruas, mais gente se movimentando em busca de adesões. Se a presença for maior, aumenta o quociente eleitoral, e isso mexe com o tabuleiro das composições proporcionais, ou seja, para o Legislativo.

Ainda está no prazo de realização das Convenções, assim como o das impugnações - e tudo isso pode ser alterado. Não há mais o financiamento privado da campanha por CNPJ, há restrições legais que esvaziam o papel do marketing e, por fim, a Prestação de Contas mudou e o tempo de campanha encurtou. Eu já havia dito que esta é a eleição do argumento, dos debates e ninguém, com este novo cenário, pode ser dado como favorito por hora, porque se nem os partidos se entenderam em suas Convenções, quem dirá o eleitor que pouco sabe dessa coisa toda? 

Vou falar sobre detalhes de cada grupo concorrente e um pouco dos bastidores, em postagem subsequente.

É o jogo!
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