O ENFRAQUECIMENTO DE FELIPE FORTALECE O G-5
Este é um texto um pouco mais contundente, vai à ferida. Urge.
O vereador Gleivison Gaspar acusou na tribuna legislativa o Prefeito Felipe Augusto de ter feito desrespeitosa troça sobre sua opção sexual. Semanas depois surgiam peças de marketing político aludindo a primeira-dama Michelli Venezianni como "candidata da família". Esse mote já não está mais estampado em seu material de trabalho.
No aniversário da cidade, o primeiro mandatário foi ao ataque contra o MP e reivindicando o fim do TCE.
Meses depois, nos autos de uma Ação Civil Pública em que questiona a criação e as nomeações em cargos comissionados pelo alcaide, o Ministério Público chamou o Governo local de imoral ao falar, entre outras coisas, que se emprega "as amantes e os maridos das amantes". Não houve risos, mas uma Liminar da Justiça dando prazo às exonerações.
Atônita, a sociedade foi às falas. As redes sociais estão povoadas pela indignação coletiva.
No artigo deste domingo, 01/07, no Estadão, Fernando Henrique Cardoso escreveu: "... chega de governos incompetentes. Não se trata só da falta de dinheiro, mas da má gestão aliada às vantagens corporativas e partidárias...". Ele certamente deve ter lido sobre São Sebastião, redução de ISSQN para o setor náutico, Plano sem discussão com a sociedade, coisas assim.
A famosa comédia escrita por Marcus Caruso em 1986 "trair e coçar, é só começar" tem um texto divertidíssimo e me veio à memória ao ver como essa relação política entre Governo e Legislativo subiu no telhado. Já repercute até em outras cidades da região a ascensão política do grupo de cinco vereadores, chamado G5 da Câmara Municipal de São Sebastião.
Mas, veja bem, isso tem uma razão.
A desaprovação popular sobre esta Administração Municipal do PSDB São Sebastião chegou a uma curva perigosa; traições, frituras e debandadas já acuam o governante. Uma mãe já questionou o uso político de um evento público, e assessores do prefeito foram atacar a moral da distinta Sra porque um dia ela foi nomeada pelo vereador Gleivison.
Os vereadores mais sensíveis a opinião pública parece terem adotado a frase do Ministro do STJ, Herman Benjamin: "... recuso o papel coveiro de prova viva. Posso até participar do velório, mas não carrego o caixão". Perseguidos e colocados de lado pelo Governo, os vereadores Giovani Pixoxó, Onofre Neto, Ernaninho Primazzi e Daniel Simões, este último resiste a pressão para que volte para o ninho, criaram então o G-5.
Pronto, não dá mais para tirar sarro da vida pessoal do parlamentar do MDB. Agora importa destruí-lo.
Ao se aliar as agendas do Prefeito Felipe Augusto num primeiro momento, os vereadores isolaram Gleivison Gaspar. Mas, parafraseando o que dizia o profeta Isaías, como uma voz que clama no deserto, este fez-se ouvir por uma multidão. Aplicado em comunicação, campeão de votos e fenômeno das redes sociais não se entregou à asfixia dos que hipotecavam apoio irrestrito ao governante. E emergiu.
A base de sustentação governista estava impecável e garantia existência.
Viagens para cá e para lá, selfies aos bocados e vídeos amadores em profusão. Um prefeito midiático, viajante, discursivo e propagandístico. Mas, no auto de seu narcisismo e do patrocínio a nomeações de gente que mora para lá do rio Juqueriquerê, semeou insatisfações. E colhe desaprovação.
Quem sabe motivados pela leitura do livro de Jessé Souza, "A tolice da inteligência brasileira - ou como o país se deixa manipular pela elite", se deram conta de que mais vale o apoio popular, que o alinhamento ao político impopular. Optaram por fazer uma oposição política responsável, crítica e propositiva.
A postura proativa do G-5 está ofuscando os demais. E atraindo-os. Isso significa que o número "5" pode crescer na Casa. Esta legislatura, portanto, que era toda insossa, cada vez mais distante dos anseios da cidadão, está guinando. Já se fala, ainda que em minoria, na abertura de CEI's, convocação de secretários; aprofundamento na análise de documentos públicos, enfim, tudo aquilo que a Casa se negava a fazer até há poucos dias.
Não são as frases de efeito nem o volume de gente comissionada que mudará o jogo. O G-5, que é minoria, hoje representa os anseios da maioria. É o que dizem as pesquisas. É sobre isso que tenta reagir atabalhoadamente o Governo e os seus.
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