SAÚDE COLAPSADA: DA LETARGIA À LETALIDADE

O que explica o Sistema de Saúde de São Sebastião - com tantos recursos - ter quebrado?


Estou avaliando com calma uma porção de críticas e denúncias que estou recebendo à partir da gestão do Hospital de Clínicas de São Sebastião. Os relatos se avolumam, se tornaram síndromes febris contínuas. Mas, não só. 

Ouço ainda coisas importantes a respeito de todo o Sistema Municipal de Saúde.  Da letargia à letalidade...

Outro dia, pelas redes sociais, assisti a um vídeo do vereador Wagner Teixeira, que mora em frente a UPA avançada, que tem vulgo de "Hospital", em Boiçucanga, onde cobrava soluções aos problemas pelos quais os pacientes estavam sendo submetidos com demora na espera por atendimento; poucos médicos no plantão; enfim. O equipamento a que se referia é recém-inaugurado.

Há muitas vozes de pacientes, cidadãos que acorrem-se aos médicos e não os encontrando, se socorrem às redes sociais. Um caos.

Acertou o Daniel Augusto em cortar a "gratificação", um penduricalho adicionado sobre os salários de algumas pessoas que trabalham no HCSS. A grita de quem perdeu esse "plus" é normal, nem eu gostaria que mexesse em meu bolso. 

Mas, a pergunta que resta é outra, é saber o por quê dessa grana extra, e, claro, o por quê demoraram tanto para compreender que tratava-se de um erro administrativo, um excesso que o contribuinte, o usuário do Sistema de Saúde não tinha e não tem como bancar.

Para os casos de pacientes politraumatizados com necessidade de reconstrução de ossos da face, a definição de dentistas para a primeira atenção na UPA parece razoável, porque estes ficam com a responsabilidade do atendimento inicial, de estabilizar a fratura - quando necessário, e, óbvio, de encaminhar para atendimento especializado, inclusive com possibilidade de cirurgia, com especialista bucomaxilo e até com cirurgia plástica, se for o caso.

Esse atendimento foi um enorme ganho para os pacientes de São Sebastião. Não é fácil encontrar esse tipo de especialista num Hospital com plantão 24 horas. A retirada desse serviço contínuo configura-se numa tremenda perda para a cidade. Mas, é possível remediar, desde que esse atendimento seja mantido para casos diretamente necessários e urgentes.

Tendo boa vontade com as medidas que o Governo vem tomando na gestão do Hospital, quer seja por meio do Interventor nomeado, (aliás, há uma troca de nomes neste caso maior que a troca de jalecos de enfermeiros na mudança de plantão), ou pelo seu Diretor, sobre o qual uma Portaria designando essa atribuição é desconhecida deste blog, é difícil compreender como tiveram tanta competência para precarizar o atendimento na Saúde Municipal.

Não era simples quebrar a banca, mas, eles conseguiram. Colapso. 

Essa gente do Governo foi capaz de se permitir ser levado à Justiça pela Sabesp para definir um plano de amortização do calote sobre a conta de água. Nunca foi falta de dinheiro.

Abrir novas Unidades de Saúde para criar folhetim político tem sido um erro. 

Portanto, ao ouvir que nem mesmo o suco que é servido nas refeições dos pacientes resistiu a crise; que remédios importantes estariam em falta na farmácia municipal; que até material para o pessoal do setor administrativo está escasso, preocupa. 

Ouço, por exemplo, que onde haviam 10 pessoas, hoje há 5 cuidando da higienização de todo complexo hospitalar e, segundo as vozes de funcionários, é uma quantidade insuficiente - e que compromete as condições sanitárias. 

O Conselho Municipal de Saúde, que passa por novo ataque do Governo para que a maioria de seus membros tenha algum alinhamento político ou ideológico com o Prefeito, (a rejeição das Contas no fim do ano passado não foi tragada bem pelos pulmões do gabinete cenográfico do Paço Municipal); assim como a Comissão de Saúde da Câmara Municipal e o Ministério Público precisam colocar as Contas da Saúde na maca da fiscalização, nos respiradores da investigação.

Nada justifica o ponto a que chegamos. 

O Município recebe royalties do petróleo; teve sucessivos excessos de arrecadação e superávit; além do fato de Felipe Augusto ter herdado uma fortuna na conta municipal de recursos do IPTU da Petrobras, e, tome nota, ainda pelo fato de ser um Município que foi a banco tomar dinheiro emprestado, além de ter recebido compensação pela perda financeira, pela da União.

Não resta outra pergunta ao Prefeito tucano de São Sebastião, senão: Se o Sistema de Saúde não melhorou; pelo contrário, arruinou, mesmo com todo financiamento custeado pelo contribuinte: Cadê o dinheiro que tava aqui?  

Esse colapso pode até ser assintomático para o Governo, mas, é vital e contagioso para o cidadão.

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