ÔNIBUS: FALE SOMENTE O INDISPENSÁVEL

Uma viagem sobre o setor essencial, que não para de circular 


Desde a penúltima eleição municipal, piorando o cenário nesta última última, as pesquisas de opinião pública realizadas na região do Litoral Norte de SP destacavam os serviços de transporte coletivo urbano como um setor que precisava ser melhorado. 

Não era uma tendência, mas um reflexo da realidade que já precedia o pleito eleitoral. Com a pandemia essa situação se agravou.

As empresas de ônibus, que quase nunca reagem publicamente, passaram a emitir Notas em redes sociais e a veicular spots de propaganda em rádios. Novos tempos. Houve casos de intrigas diretas e 'ao vivo' com Prefeitos, disputa por narrativas, guerra de versões e até mesmo Intervenção.

O Prefeito Aguilar Jr havia determinado procedimentos administrativos - previstos em Contrato - sobre a empresa Praiamar. Essa relação litigiosa foi parar na Justiça. O episódio mais marcante e recente dessa trama se deu com o Decreto da Prefeitura de Caraguatatuba que interveio sobre as operações da Auto Viação. Esta é uma decisão intermediária, que culminará com novas medidas, tão logo esse decreto se expire em suas funções buscadas.

Já o Prefeito Felipe Augusto, que já fez fotos e artes para as mídias sociais com a cabeça para fora da janela, (o que é proibido) , fazendo o papel de comunicador da Ecobus anunciando "ônibus novos", mentiu. A frota é das mais velhas da região e os ônibus eram usados

Mas, tinha um por quê: Ele havia prometido mudanças. Havia prometido tecnologia embarcada, clima de montanha a bordo, enfim. Ao fim de seu primeiro mandato nada havia sido feito e lançou "culpa" ao antecessor. Agora, depois de reeleito, assegura nova concorrência pública, depois de uma viagem ao itinerário desta Administração - "emergencial".

O alcaide capixaba que governa São Sebastião convenientemente usa a mão do Ministério Público e do Tribunal de Contas quando lhe interessa, e faz o mesmo ao ignorar em outros casos, como na Recomendação pela exoneração de pessoas nomeadas em cargos de livre provimento.

Enquanto e por isso, toda sorte de especulações ganha alarido na cidade, um certo ar de suspeições e boatos, desde uma obra de um galpão na Costa Norte, que há quem aposte ser a garagem da nova empresa "emergencial", até um possível dirigismo licitatório para a concessão em definitivo dos serviços. 

Nos dois casos, caso se prove, que por hora há quem apenas especule, mas, há também que esteja documentando tudo, em procedendo e sendo provado, configurar-se-á crime contra o interesse público. 

O vereador Wagner Teixeira, oposição na Câmara Municipal, promete fiscalização rigorosa e sua assessoria prepara um acervo probatório com um dossiê, segundo consta. O parlamentar fala abertamente nas sessões legislativas que não vai "aliviar". O Prefeito, em entrevista numa rádio, ironizou o trabalho do edil chamando-o e "mãe Diná", deixando subentendido que o parlamentar estaria tentando adivinhar coisas de sua Administração. 

Uma UPP entre os dois pode ser instalada.

Por fim, assim como em várias outras agendas públicas, o que temos são medidas pontuais e à revelia de um debate público. Não há nenhum Plano de Mobilidade Urbana em discussão pelo Município, portanto, o capítulo do transporte coletivo se limita unicamente ao que o Prefeito deseja fazer, não necessariamente ao que a cidade carece e precisa resolver.

Retrato do Setor de Ônibus

Segundo a rádio carioca Tupi FM, há pouco, nos últimos anos 17 empresas de ônibus encerram suas atividades no estado do Rio de Janeiro. A empresa mais recente a anunciar o fim de suas operações foi a Viação Acari. O cenário só tem se agravado, porque já se mostrava desolador desde o ano passado, 2020.

Em maio de 2020, numa entrevista ao site Diário do Transporte, o presidente da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), Otávio Vieira da Cunha Filho, estimava já naquele período que metade das empresas de ônibus do país conheceriam a falência por não ter condições de operar. 

Em Maceió, tinham cinco empresas que haviam suspendido os serviços. Nos últimos levantamentos que haviam feito, até metade do ano passado, já haviam quase 11 empresas no país com muitos problemas, entre elas uma já havia fechado as portas definitivamente em Guarulhos.

Ainda com dados publicados no balanço de 2020, a referência é sempre anual. o site Automotive Business, apontava - em meados do ano passado - como o segmento mais impactado pela pandemia no setor automotivo, os ônibus encerraram o ano com produção em queda de 33,5% na comparação com o ano anterior, 2019, totalizando 18,4 mil unidades, de acordo com o balanço do ano divulgado pela Anfavea, associação que reúne as fabricantes.

Com este resultado, 2020 se confirmou com o pior volume anual de produção de ônibus desde 1999. No último mês, com apenas 1 mil chassis, o setor teve o pior dezembro desde 2016. No mercado doméstico brasileiro, em todo o ano passado foram vendidos 13,9 mil ônibus, queda de 33,4% sobre 2019, quando o setor havia registrado o emplacamento de quase 21 mil unidades. O volume fechado de 2020 ficou bem próximo ao esperado pelas fabricantes e foi o pior resultado anual desde 2017.

“Em 2021, prevemos um crescimento de 13% para ônibus, com algo em torno de 16 mil unidades, sustentado pelo Caminho da Escola. Tem uma nova licitação de quase 7 mil ônibus, que era para acontecer agora em janeiro, foi postergada, mas vai acontecer, então é uma expectativa de crescimento”, disse o vice-presidente da Anfavea.




As perspectivas não eram boas, e este cenário nebuloso está se confirmando.







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