ALARGAMENTO DE PRAIA EM ILHABELA

Com gestões marcadas por grandes investimentos, Colucci prepara mais uma obra de enorme impacto e bastante polêmica

Recentemente o Prefeito de IlhabelaToninho Colucci, publicou em sua conta na rede social uma visita a cidade de Balneário de Camboriú em companhia de seu filho vice-prefeito. Eles teriam ido conhecer as obras de engenharia hidráulica de alargamento da faixa de areia, também chamado de "engordamento da praia". 

Segundo o site 'MSN', a Administração Municipal já está nos preparativos para a contratação - por licitação - de serviços especializados para realizar um estudo sobre jazidas de areias que podem ser usadas para preencher faixas de praia no município. É pouca ainda, mas, já é alguma nova informação.

Segundo a matéria o Prefeito disse não se tratar de um projeto de engordamento da praia como foi feito em Balneário Camboriú (SC), mas tem semelhanças técnicas. "O objetivo é repor areia em alguns trechos de praia que, durante os anos, em função do aumento da maré, do Porto de São Sebastião, da ampliação do Terminal Marítimo Almirante Barroso, do fundeamento de alguns navios, o fluxo de água mudou e consumiu algumas praias da cidade", disse o Prefeito.

Colucci afirmou que a ideia começou a ser analisada em 2015 e foi levada ao INPH (Instituto Nacional de Pesquisas Hidrovárias). Ele prevê a necessidade de algo em torno de 400 mil a 500 mil metros cúbicos de areia

E continua: "Tem necessidade em diversas áreas, mas a princípio a ideia é fazer. Por exemplo, até na praia de Castelhanos, não por interferência do porto, mas em função do derretimento das geleiras, da elevação do mar, já tem áreas onde aconteceram fenômenos que, de alguma forma, atingiram as praias. As questões ambiental e econômica, de desenvolvimento turístico, são importantes", disse.

Histórico recente

Em 29 de setembro o site 'Tudo em Ilhabela' já reproduzia informação oficial do Município dando conta de que naquela semana o Prefeito Toninho Colucci havia recebido um ofício do Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH), ligado ao Ministério da Infraestruturadando aval para a Prefeitura iniciar os estudos do projeto de engordamento da orla marítima entre Barra Velha e Perequê.

O documento, assinado pelo Coordenador Geral do INPHDomenico Acceta, encaminhava as diretrizes para elaboração de levantamentos de campo necessários para subsidiar o futuro projeto de restauração costeira, a ser elaborado pelo órgão federal.

No ofício, eram solicitadas quatro ações: I) levantamento hidrográfico monofeixe, seções transversais (perfis de praia); II) coleta de sedimento no perfil emerso e análise granulométrica (deverão ser realizadas coletas de material superficial e de fundo nos batentes de preamar e de baixa-mar); III) pesquisa de jazida (etapa fundamental para o cálculo do custo da obra de engordamento de praia; IV) execução de sondagens e caracterização sedimentológica em prospecção de jazidas nas proximidades da região de interesse.

COMO FUNCIONA?

Como explica o especialista no site 'AECWeb', conhecido também como engorda artificial, o alargamento da faixa de areia consiste na construção de um aterro com areia de mesmo tamanho, densidade e granulometria do material original da praia. Na maior parte das vezes, a intervenção é associada a outras obras de proteção costeira, como a construção de espigões marítimos, quebra-mares e molhes. 

Estas estruturas complementares desempenham um papel importante, ao aumentar o tempo de retenção dos sedimentos na praia, prolongando o tempo de reposição para manter a faixa de praia”, explica o engenheiro Marco Lyra, especialista em obras de proteção costeira.

Ele conta que, teoricamente, toda praia com processo erosivo pode se aproveitar do alargamento da faixa de areia. "No entanto, o alto custo deste tipo de obra, as dificuldades de atendimento aos parâmetros de projeto e as incertezas quanto à durabilidade da intervenção, são fatores limitantes", pondera Lyra, lembrando que também há outras soluções técnicas para conter a erosão costeira.

No Nordeste do Brasil, em especial em praias alagoanas, uma alternativa que vem se mostrando eficaz é o uso de contenção com uso de dissipadores de energia bagwall, que consistem na utilização de formas geotêxteis preenchidas com concreto ou argamassa bombeada”, cita.

VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA

Todo projeto de engenharia para proteção costeira, independente da solução técnica adotada, deve considerar o custo de implantação e de manutenção, a disponibilidade de materiais, o impacto ambiental e a durabilidade.

Para o alargamento da faixa de areia os desafios começam ainda na elaboração de um projeto que considere uma ampla diversidade de parâmetros. "É preciso identificar as zonas de empréstimos submersas ou jazidas de areia, avaliar os níveis energéticos existentes no local da intervenção, e verificar as características e o controle do material que será depositado na praia. Além disso, é necessário utilizar modelos matemáticos que permitam garantir um tempo de retenção mínimo de cinco anos para eventual reposição de areia”, comenta o engenheiro.

Outro componente que não pode ser negligenciado é o impacto ambiental decorrente da obra. É imperativa, por exemplo, a realização de Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) bem fundamentado e que inclua o monitoramento obrigatório da obra antes, durante e depois de sua conclusão.

Mas entre todas as dificuldades em projetos de alargamento de faixa de areia, a mais impactante é o custo de implantação da obra”, informa Lyra.

OPINIÃO

O principal processo de transformação da estrutura e imagem de Ilhabela se deu sob os dois primeiros mandatos do atual Prefeito Colucci, que atualmente exerce o comando da cidade pela terceira vez. É inegável tratar-se de um visionário. 

Foi também em sua gestão que o Município se tornou bilionário com o recebimento dos royalties do petróleo. Herdou, todavia, neste novo mandato a perda de metade desses recursos por conta de um processo administrativo que foi conduzido por sua antecessora.

Mas, herdou também coisas boas, como foi a definição de se aportar recursos próprios em projetos de engenharia pela universalização do saneamento básico e aumento da capacidade de reservação e distribuição de água potável para consumo público. Além disso, um Fundo Soberano que preserva parte da receita dessa fonte de arrecadação para ser usada sob critérios específicos no futuro.

São investimentos dessa natureza que ajudam a melhorar os indicadores ambientais, oferecem condições de balneabilidade adequadas e, claro, proporcionam outra realidade socioeconômica. Sob todos os aspectos a iniciativa é louvável, e acaba agregando valores ao seu principal mercado - o turismo.

Não resta dúvidas portanto de que, se os estudos demonstrarem haver viabilidades e a sociedade não se opuser, será mais uma marca de grande impacto da passagem de Colucci pelo comando da Prefeitura de Ilhabela.



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