PRESIDENTE DA CIA. DOCAS CONVULSIONA A RELAÇÃO COM A CIDADE PORTUÁRIA
Quando atuou como porteiro de sala pequena onde um grande tema estava em discussão impedindo a participação do Prefeito Reinaldinho, a direção da empresa perdeu o crachá de identificação junto ao Município de São Sebastião
Mais que as versões, valem os fatos. E estes são o que são.
Estive no encontro do dia 21 e presenciei, sem intermediações, quando o Presidente da Cia. Docas cerceou - durante uma agenda oficial - a participação do Prefeito Reinaldinho num encontro que é de interesse público. Esse gesto afronta a liturgia do cargo e o diálogo republicano que deve reger a relação entre a CDSS e Município.
Vi um Prefeito altivo e firme, que recolocou a conversa no trilho certo: defesa dos portuários, manutenção dos empregos, garantia do berço público e uma transição responsável — tudo com respeito às instituições e à autonomia de São Sebastião. O recado foi claro: nossa cidade exige portas abertas, cooperação e transparência; não aceitará tutela, nem improviso.
Saí convicto de que a Prefeitura seguirá liderando, de forma suprapartidária e técnica, a agenda do Porto em favor da economia local e da dignidade de quem vive do cais — e que qualquer tentativa de desrespeitar a cidade encontrará nossa firme oposição.
Portas Abertas
Tarcísio de Freitas, às prévias da eleição, vestiu a camisa de cabo eleitoral e, em frente a Câmara Municipal, disse que a vitória de seu aliado Reinaldinho abriria ainda mais as portas do Estado para a cidade. Eleito, o Prefeito ampliou suas relações, e teve novas portas abertas pelo partido Republicanos, com o Presidente Estadual, Roberto Carneiro. Muitas conquistas. Outro que abriu, articulado pelo alcaide sebastianense, as portas e ajudou nesse processo foi Presidente Nacional da legenda, deputado Marcos Pereira.
Porta Fechada
Ontem, porém, dia 21, o Presidente da Cia. Docas cuidou de contrariar, e, na condição de porteiro de uma saleta - onde assunto de muita grandeza era discutido, Alexandre Ernesto impediu - com a força de suas mãos - a entrada do Prefeito. O sussurro entreouvidos foi: "Você foi a Brasília e não me convidou". De pronto, se ouviu: "Nunca mais ponha a mão em mim. E a agenda com o Ministro foi dos portuários, eu fui convidado".
A situação que esse executivo da CDSS criou com o Executivo do Município acendeu um sinal da mesma cor que a camisa que o Governador usou naquela ocasião: amarela.
Os vereadores, que pertencem a Casa de Leis onde noutrora não se permitiu restrições às operações com gado vivo, aprovaram ainda ontem mesmo, uma Moção de Repúdio contra essa afronta. A Intersindical Portuária, que congrega os profissionais que atuam diretamente no chamado "chão de fábrica", emitiram uma Nota de Repúdio em relação ao ocorrido. E o COMPORTO, do qual faz parte a comunidade científica do Estado, por meio da Fatec, estava reunido para deliberar sobre o que fazer com esse evento, enquanto eu escrevia este texto.
Relações Políticas
O Executivo do Estado, todavia, já conversou com o caiçara que chefia o Paço Municipal. Foi informado do sinistro e já falou a respeito privadamente com algumas pessoas. Outros membros do primeiro escalão do Governo estadual também. As portas do bom relacionamento entre eles permanecem abertas.
E a caixa de entrada de mensagens do dispositivo móvel do Prefeito tem várias chamadas daquele que lhe cerrou indevidamente a porta. Falta calado para encostar e amarrar essa relação. À ver se será autorizada alguma dragagem para desobstruir a passagem e reabrir portas.
A Visita do Ministro
Quis o destino ou é fruto de muito trabalho a primeira visita de um Ministro dos Portos nas últimas décadas? Nada, nesse nível de oportunidade, acontece por um acaso. O Porto de São Sebastião, gerido por concessão pelo Estado de São Paulo, pelas mãos da Cia. Docas, que leva o nome da cidade, é um portfólio importante para os interesses do país. Tudo o que atraca ali importa diretamente à cidade.
A sua estrutura física; a logística que lhe atende e a profundidade do canal compõe seu valor agregado.
A relação um tanto conturbada com a política da cidade não é uma novidade. Já houve discursos e movimentações pela municipalização do Porto; guerra de guerrilha para o impedimento de algumas operações, como no caso da carga viva; debates acalorados pela ampliação; e até mesmo conversas inconfessáveis fora do país - empreendidas por membros do Município sobre sua destinação, houve rumores.
Mas, o que ocorreu ontem, dia 21, foi a falta de alguma coisa muito séria ou o excesso desnecessário na sede da Cia. Docas. O Presidente da Companhia, selecionou quem "incluiria fora dessa", como diz o ditado. E, assim, convulsionou essa relação com a cidade portuária.
Projetos e Interesses
Nos últimos anos houve ao menos uns quatro projetos distintos para o futuro do Porto. Em nenhum deles as vozes portuárias (trabalhadores e operadores privados) tiveram espaço, mas, demonstraram força. E o mais recente projeto teve sinalização de que seria alterado há poucos dias, em Brasília, quando se reuniram no Ministérios dos Portos e Aeroportos.
A condução e articulação de todo processo foi atribuída pelo COMPORTO - e demais atores institucionais envolvidos - ao Prefeito Reinaldinho. Foi garantido um berço público, a manutenção da mão de obra profissional, período de transição, entre outras coisas. E isso parece ter ferido de morte interesses alheios a este modelo de negócios para o Porto de São Sebastião.
Na sequência, numa entrevista coletiva à imprensa, o Prefeito Reinaldinho falou sobre as conversas produtivas com o Ministro, mas, também abriu o jogo sobre como havia um distanciamento entre a Companhia Docas e a Prefeitura, criada pelo seu Presidente. E essa foi a pá de cal, num dia em que se o Prefeito, chamado de "menino", sendo este um civil e político que entrou grande e saiu enorme neste tabuleiro, e um "militar" fora de combate e que ocupando um cargo de confiança política na direção de tão importante e estratégica empresa, entrou de sola saiu descalço desse processo.
Até a próxima.





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