CAI O INTERESSE DO CIDADÃO PELOS TRABALHOS DO LEGISLATIVO

O interesse da população pelas atividades dos vereadores durante as sessões legislativas praticamente inexiste. Há uma perceptível distância entre o Poder Legislativo e a sociedade, que só não é tem um fosso maior porque o Presidente da Casa, vereador Marcos Tenório, reconheça-se, tem feito grandes esforços para essa interlocução institucional. Quando digo que cai o interesse, é considerando que já foi maior em algum momento.

Na sessão de ontem (19/08), assim como já venho notando há algum tempo, exceto a presença "momentânea" de assessores de vereadores, o que vi foi raríssima presença da sociedade aqui e acolá; e, já na parte final da sessão, e ainda não era a das considerações finais feitas no uso da tribuna, não havia praticamente ninguém.

Fui a sala de controle da transmissão online da sessão (fotos ao lado) para conversar e checar a audiência. Naquele momento haviam 12 pessoas online, segundo os dados da empresa que opera o streaming

Considerando que um era o assessor da presidência da Casa e outro o profissional do monitoramento, haviam 10 pessoas online. Perguntei sobre a média de internautas que assistem a transmissão, e estimou-se em 230 pessoas por sessão, no pico. Há vereadores que disponibilizam em seus sítios eletrônicos a transmissão da sessão, o contador de acessos da empresa contratada pela Câmara é o que afere. mesmo que haja uma pequena distorção, a média é baixíssima se comparada a quantidade populacional e de eleitores da cidade.

Outro dado importante é o de que praticamente não consta registro no setor de protocolo da Câmara de qualquer pedido de cópia de documentos, de informações, de audiências públicas, de projeto de lei de iniciativa popular,  ou requerendo uso da tribuna legislativa.

Não fosse o atual presidente levar o Poder Legislativo às discussões das agendas públicas pelos bairros, às escolas, à imprensa, pouquíssima coisa se saberia sobre as atividades dos parlamentares. Por isso a sua defesa por um canal aberto de televisão do Legislativo, entusiasma. Os custos são elevados para a implantação, e os de manutenção não são baratos, mas possíveis. Mas, se for considerada a relação custo-benefício, creio haver plausibilidade na iniciativa.

Os próprios vereadores fazem raríssimas publicações com prestação de contas de seus serviços, normalmente se limitam ao uso das redes -, em parte pelos seus assessores, e a entrevistas que concedem a algum meio de comunicação esporadicamente. 
É pouco, convenhamos.

 Meios de Comunicação

Se consideramos que o maior jornal impresso que circula na região, não tem tiragem superior a 800 exemplares e algo em torno de 1.20o nos fins de semana; e ainda, tomando por base a conversa informal com jornaleiros e donos de bancas, que este tem taxa de retorno, ou seja, não são vendidos e são devolvidos, com média de 35%, preocupa. 

Se considerarmos que, segundo pesquisas de mercado - feitas para consumo de agências de publicidade, a emissora de FM  de São Sebastião que detinha liderança na audiência, hoje opera em 3° lugar na preferência dos ouvintes da região, também nos leva à reflexão.

Os principais veículos que dão repercussão jornalística aos atos oficiais e políticos da Câmara Municipal,  pelo que se percebe, também passam por momentos de necessária reciclagem sobre seus métodos de trabalho. 
Obs) Os números não são precisos, porque a base é conversa com pessoas do meio, não sobre pesquisa especificamente. Cabem outras leituras e contestações, e o blog as aceita.

Redes Sociais

É o meio pelo qual há parte importante da repercussão sobre o cenário e conjuntura política da cidade; no entanto, dadas as conexões de parte dos ativistas digitais, essa comunicação não reflete necessariamente um apoio ou interesse do internauta pelos trabalhos da legislatura, mas pela divulgação espontânea. 

O desafio do Poder Legislativo é envolver a população, é atrair o interesse público para suas atividades. A representatividade política, de certo modo, precisa ser repensada. Os vereadores talvez não tenham feito ainda essa análise. A Câmara precisa pesquisar a opinião pública, creio eu, para entender o que é necessário para mudar as coisas. Pesquisa essa que pode e deve ser feito também pelas redes sociais.

Por este blog, em companhia da jornalista Marina Veltman, estamos disponibilizando um resumo dos trechos mais polêmicos de cada sessão, mas isso é um pingo dentro do que pode e precisa ser feito em termos de acompanhamento social e crítico. 

Sugestões do Blog
Ouso em sugerir que seja revista a Lei Orgânica Municipal e o Regimento Interno da Casa, no sentido de abrir cada vez mais o Parlamento Municipal à sociedade. 

O horário das sessões também devem mudar, penso eu, quem sabe começar as 16 horas. Está começando e acabando muito tarde, o que praticamente impossibilita a participação física de cidadãos da Costa Sul, por exemplo, nas sessões, porque fica ruim a volta para casa. 

Outra coisa é que, dados os desafios que a cidade está enfrentando e a quantidade de coisas e agendas que precisa ser discutida, com tantos investimentos vultuosos previstos no município, já é hora de haver duas sessões ordinárias por semana, quem sabe às terças e quintas. 

Enfim, são sugestões, o que não pode é não haver debate e soluções, já que o interesse popular pelas sessões legislativas em São Sebastião está aos frangalhos.
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13h03min.    -    adelsonpimenta@ig.com.br  

Comentários

  1. nunca vi Município mais
    "patrulhado" que São Sebastião, talvez seja esse o motivo de alienação por parte da população;

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