MENSALINHO: ACÓRDÃO DO TJ/SP MEXE NO JOGO POLÍTICO NA CÂMARA

 

Com esse Acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo - TJ/SP, ( sobre o qual falarei em postagem subsequente), que tira do ex-prefeito Juan Garcia qualquer possibilidade de ser prefeito ou concorrer a qualquer cargo eletivo, entre outras punições, junto com o ex-secretário municipal Thales Guilherme Carlini, na mesma toada pega de lambuja a vereadora sebastianense, Solange Ramos, que está em tratamento delicado de sua saúde. Mas, segundo ouvi pelos cochicholos do poder local, já teria sido alinhavado um acordo com seu suplente, o advogado Neto Onofre - e este deverá assumir o cargo nos próximos dias. 

Conversei com Neto pelo telefone, e ele me disse respeitar esse importante momento na vida da vereadora e confirmou haver diálogo nesse sentido, assim como disse que teve um dedo de prosa com o Prefeito da cidade, Ernane Primazzi, ontem à noite. Cheio de gás e intrépido - como quem traçou um objetivo e está em busca deste, não escondeu seu desejo de ser candidato a prefeito em 2016. Seu partido, o PHS já lançou esse balão de ensaio - e monitora para ver a que altura chega. 

Na Casa, importante dizer, está o vereador Marcos Tenório (PSC), que já declarou em alto e bom som que não concorrerá mais à reeleição, alimentando pretensões à majoritária também. Ambos são da base governista. A primeira leitura é esta, a de que buscam se cacifar para serem escolhidos como o nome do jogo. Tenório labuta pelo conjunto da obra, e Neto pela sucessão de fatos que vão moldando a conjuntura. Esse é o primeiro  nó dessa intrincada equação política, criada com este Acórdão do TJ/SP. 

Neto, no caso de ser mantida a cassação pelo TJ/SP do mandato da vereadora Solange, assumiria na condição de titular e não mais de suplente, logo, poderia disputar a presidência do Legislativo para o biênio 2014/2015, e já adiantou que seu nome estará a disposição do prefeito, no que confrontaria o declarado interesse do vereador Reis e o camuflado desejo do vereador Coringa. Como se vê, uma mexida que pode balançar a estrutura e revolver as coisas. A base governista, contudo, não perde nada, pois a substituição de Solange por Neto, em tese, se limita a uma troca de nomes e estilo, mas não necessariamente de posicionamento pragmático. Há outras possibilidades de mexida na composição da Casa, já que alguns nomes do Legislativo, como é o caso do vereador Coringa, pode assumir um cargo de primeiro escalão no Executivo, o que seria outra situação jurídica, mas ingrediente político parecido.

O que terá certo redesenho é o contexto geopolítico, já que a vereadora Solange é uma liderança política de parte da região da Costa Sul, já tendo provado sua força nas urnas nas últimas eleições, e o seu suplente Neto Onofre é da região central, membro de uma família de sobrenome tradicional na política local, e se diferem por essas e outras razões. Ernane, importante relembrar, é o primeiro prefeito reeleito da cidade, tendo mostrado maior força eleitoral na Costa Sul da cidade, onde também mora o Wagner Teixeira, outra importante liderança política da região. São atores de diferentes pontos de vista, foram eleitos por partidos distintos, mas pela mesma coligação partidária, sendo PV-PHS. 

Solange, quer seja por conta de sua saúde ou pelas condições da Justiça, sai de cena num momento de grande turbulência social na cidade - que é pela aprovação da Câmara, pouco antes de entrar no recesso, da revisão da Planta Genérica de Valores do IPTU. Ela votou com o Governo, ou seja, favoravelmente. Neto, por sua vez, entra em cena justamente quando há um ativismo político sobre a matéria por forças partidárias que também ensejam a disputa de 2016 ao principal assento do Paço Municipal. Para isso, tais forças agem taticamente na busca de embaraçar as ações administrativas da Prefeitura, normalmente por meio judicial, e investem na desidratação da importância do papel social do Poder Legislativo municipal. 

De toda sorte, ao ser alçado à condição de vereador, Neto abre uma nova concorrência interna. Solange, sobre quem não se sabe se voltará, mas espera-se que sim, vai cuidar de sua saúde, na muda. Tenório, que vem desenvolvendo um excelente trabalho de fortalecimento do papel institucional e pleiteia a vaga de candidato a prefeito governista, terá que ter habilidades suficientes para causar. Sua gestão a frente do Legislativo tem sido reconhecida como exemplar, mas isso pode não ser o suficiente, terá que fazer mais política. Quanto aos demais vereadores da base de sustentação governamental, cada um com seus projetos e ambições, que de bobos não tem nada, que saibam que abre-se uma nova temporada de negociações políticas e conversas eleitorais. A política ferve na cidade.

É o jogo!

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19h57min.    -    adelsonpimenta@ig.com.br